quinta-feira, 5 de maio de 2016

Frota do Paraná cresce oito vezes mais que população

A frota do Paraná teve um crescimento de 68% nos últimos oito anos, passando de 3,9 milhões para 6,6 milhões de veículos, segundo dados do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR). No mesmo período, o aumento populacional no Estado, que passou de 10,2 milhões para 11,1 milhões de habitantes, foi de apenas 8,5%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em um cenário hipotético, sem levar em conta o fator econômico, os dados significam que se a tendência fosse mantida, em 20 anos o Paraná teria mais veículos que pessoas.

Diante dos números, gestores de trânsito penam para encontrar soluções de mobilidade urbana e evitar o caos nas ruas e avenidas dos grandes e médios e, há quem garanta, até nos pequenos municípios. Em levantamento elaborado pela FOLHA, do índice de motorização dos municípios paranaenses, que leva em conta a proporção de veículos por habitantes, duas cidades do Oeste, Quatro Pontes e Mercedes, no Oeste, se destacam.

Com 3.998 habitantes, Quatro Pontes tem 3.352 veículos, relação de 0,84 veículo por morador, a maior do Estado. Em Mercedes, que aparece na sequência com taxa de 0,82, são 4.432 veículos para 5.398 habitantes. Os pequenos municípios, com economias basicamente agrícolas, estão longe de sofrer com engarrafamentos e outros problemas das grandes metrópoles. Mas, segundo as administrações municipais, encontrar uma vaga para estacionar no centro ou trafegar no início e fim de mês não são tarefas tão fáceis como há uma década.

Vilson Martins, secretário de Planejamento de Mercedes, conta que nos dias de pagamento é bem complicado se locomover pelo centro. "Temos uma produção agrícola bem forte. Aí no no começo e fim de cada mês, em que chamamos de ‘cheque do leite’, por conta do pagamento dos laticínios, os produtores vêm todos para a cidade, vira uma loucura", conta. Martins adianta que o município já planeja construir um sistema de ciclovia para estimular as pessoas a deixar o carro em casa. "A cidade está ficando pequena para tanto carro. Como aqui é tudo perto, dá para o morador usar a bicicleta tranquilamente", avalia.

Já em Quatro Pontes, os efeitos negativos da maior frota proporcional do Estado são menos impactantes. Conforme a secretária municipal de Administração e Planejamento, Cleonice Zanette, com exceção de alguns pequenos transtornos, o trânsito está longe de ser um problema crônico. "A população tem a cultura da bicicleta. Os carros são mais usados para deslocamentos para Marechal Cândido Rondon ou Toledo, por exemplo", comenta. Segundo ela, duas transportadoras existentes na cidade elevam o índice de motorização. "Somos uma típica cidade pequena do interior e prezamos pela qualidade de vida."

Enquanto as pequenas cidades ainda têm fôlego para adotar uma série de medidas pontuais para amenizar os transtornos, as grandes já se vêm com poucas alternativas. Entre as metrópoles, Curitiba e Maringá possuem as maiores taxas de motorização, com 0,81 e 0,79 veículo por habitante, respectivamente.

Mesmo com avenidas largas, a planejada Maringá não escapa do mal comum às grandes cidades. Lá são 312.802 veículos a circular e travar o trânsito nos horários de pico. O secretário municipal de Planejamento, Laércio Barbão, informa que alguns ações estão em andamento, como a construção de ciclovias e de corredores isolados para os ônibus, desapropriações de propriedades para desafogar avenidas, além de alargamento de pistas e sincronização dos semáforos. "São algumas providências que tomamos para minimizar o problema, mas a grande chave de tudo isso é que o cidadão passe a deixar o carro em casa", opina.

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