Segundo a psicóloga Yara Aparecida Martini Klippel, coordenadora do curso de Psicologia da Faculdade Sant´Ana, a criança violentada sexualmente pode passar por alterações buscas de comportamento, tais como alteração no sono, queda brusca no rendimento escolar, medo inexplicável de ficar sozinho na presença de adultos estranhos ou de algum adulto específico e realizar brincadeiras agressivas com brinquedos ou pequenos animais, entre outros. “A criança também pode apresentar dificuldade em sua adaptação afetiva e pode sofrer os efeitos do pacto do silêncio, sendo vítima de ameaça e pressões para não revelar o abuso”, cita.
Outra forma de denunciar casos de suspeita de abuso sexual é através do Disque 100. A pessoa não precisa se identificar para fazer a denúncia. “É importante que as pessoas estejam atentas aos pequenos sinais da criança. Mesmo que haja uma desconfiança é importante denunciar”, reforça Carolina. O Disque Denúncia Nacional, ou Disque 100, é um serviço de proteção de crianças e adolescentes com foco em violência sexual, vinculado ao Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, da SPDCA/SDH. Trata-se de um canal de comunicação da sociedade civil com o poder público, que possibilita conhecer e avaliar a dimensão da violência contra crianças e adolescentes e o sistema de proteção, bem como orientar a elaboração de políticas públicas.
O Disque 100 funciona diariamente das 8h às 22h, inclusive nos fins de semana e feriados. As denúncias recebidas são analisadas e encaminhadas aos órgãos de proteção, defesa e responsabilização, de acordo com a competência e as atribuições específicas, priorizando o Conselho Tutelar como porta de entrada, no prazo de 24 horas, mantendo em sigilo a identidade da pessoa denunciante. “Acreditar na criança é sempre o primeiro passo para romper a lei do silêncio que causa tanto embaraço, pois a cidadania desce e a violência cresce na denúncia que eu não faço”. Por isso nós não podemos essa desgraça aceitar, pois é um crime medonho não fazer nada e calar. Silenciar é uma forma de ser cúmplice”, finaliza a psicóloga.
Crianças sofrem caladas
A psicóloga Yara Aparecida Martini Klippel explica que a violência contra a criança e o adolescente é produto de múltiplos fatores, entre eles as dificuldades cotidianas, pobreza, separação do casal, crises financeiras, características individuais, influências familiares, aspectos sociais e culturais. “A violência sexual infantil, dentre os vários níveis em que pode estar inserida, acontece, principalmente, no próprio âmbito doméstico e é praticada por sujeito em condições superiores de idade, posição social ou econômica e inteligência, usando autoridade sobre a criança indefesa”, comenta. Muitos os casos de violência sexual infantil não são denunciados e muitas crianças sofrem caladas. “Porém, os casos que são levados ao atendimento na rede pública de saúde ou a serviços hospitalares de emergência são atendidos por uma equipe multiprofissional e esta deve estar preparada, tanto tecnicamente como emocionalmente, para cuidar desta criança e da família/responsável que a acompanha”, expõe.
Violência sexual infantil acontece no âmbito doméstico
No ano passado, o Conselho Tutelar Leste recebeu 91 denúncias de abuso sexual contra crianças em Ponta Grossa. A violência sexual foi constatada em 17 casos. Neste ano, já foram 13 registros, mas em quatro casos foram evidenciados o ato. Segundo o presidente Cláudio Roberto Pinheiro, a maioria dos agressores é do sexo masculino, mas em uma situação atendida no ano passado, uma mulher era acusada pelos atos contra o menor de idade. “A realidade é que os agressores estão, na maioria das vezes, dentro da própria casa”, finaliza.
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