Criptococose é uma infecção causada pelo vírus Cryptococcus neoformans, normalmente carregado pelos pombos. O homem contrai a doença pela inalação da poeira contendo fezes da aves e no corpo humano afeta o sistema nervoso.
Silva trabalhava em um ponto de táxi na esquina da avenida Paraná com a rua Pref. Hugo Cabral, região central de Londrina. Ele lutou seis meses contra a doença, descoberta depois de recorrentes perdas momentâneas de consciência, além de dores de cabeça intensas e vômito. "Ele chegou a bater o carro duas vezes", contou o tio da vítima, Luís Dias.Depois de ficar um mês internado para tratamento de meningite, e receber alta do hospital sem sequer a criptococose ter sido cogitada, as dores voltaram. "Foi então que contratamos um médico particular e mostramos o resultado de exames de tomografia feitos por conta própria. Ele foi diagnosticado com meningite crônica provocada por criptococose. O cérebro já apresentava várias manchas", detalhou o tio, referindo-se ao neurologista Luis Sidônio Teixeira da Silva.
"Ele me procurou no consultório há cerca de cinco meses relatando muita dor de cabeça e vômito. Também estava com a pressão intracraniana aumentada. Fiz o encaminhamento para o HU com suspeita da doença e o diagnóstico foi confirmado", afirmou o neurologista, que ficou surpreso ao saber da morte do taxista.
Com o passar do tempo, o paciente também relatava aos familiares perda de controle motor. "Ele dormia muito, chegou a perder a força e controle motor. Nos últimos tempos perdeu a visão de um olho e parte da audição", descreveu Cenilto Carlos da Silva, irmão da vítima.
Sidney José da Silva era casado há 27 anos. Ele deixa um casal de filhos (26 e 18 anos). Seu corpo será sepultado hoje no Cemitério João XXIII.
"Se tivessem detectado (a doença) antes, ele poderia estar ao meu lado ainda", lamentou a mulher da vítima, Márcia Regina de Araújo Silva. Ela criticou a inoperância do poder público em evitar a propagação da doença, já que o controle da população de pombos saiu do papel há anos. "As árvores do nosso ponto de táxi estão cheias de fezes, as calçadas também. A gente vê esse Bosque (Marechal Deodoro) abrigar milhares de pombos. Outro dia vi um homem lavando o chão de lá sem calçar nada nos pés, imagina o risco que a população corre todos os dia", observou.
A reportagem entrou em contato com o setor de infectologia do HU, mas ninguém quis se pronunciar. O secretário municipal de Saúde, Francisco Eugênio de Souza, informou que não tinha conhecimento da situação e disse desconhecer a existência de outros casos na cidade. Ele ressaltou que a superpopulação de pombos em Londrina está sendo tratada pela secretaria do Ambiente (Sema). A FOLHA tentou falar com o responsável pela pasta, Cleuber Brito, mas ele não atendeu às ligações aos seus celulares.
Problema antigo
A última morte causada por criptococose em Londrina foi registrada em maio de 2009. O serralheiro Márcio Kovaleski, 40 anos, faleceu na Santa Casa, depois de permanecer internado por dois meses. Ele havia procurado atendimento médico com fortes dores de cabeça.
Na época, os familiares, revoltados, cobraram providências das autoridades. Acreditavam que Márcio havia contraído a doença na área central da cidade, local bastante frequentado pela vítima e onde há grande concentração de pombos. Segundo a última estimativa da Sema, existem hoje 200 mil pombos em Londrina. (Redação Folha Web)
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