terça-feira, 25 de agosto de 2015

Crise aumenta clandestinidade em segurança privada

A escola F3 aumentou a quantidade de turmas para atender a demanda (Crédito: Gilberto Abelha/JL)A crise econômica brasileira está fazendo com que empresas busquem alternativas para reduzir os custos operacionais. E um dos segmentos que sofre com isso é o de segurança privada. Para economizar, empresas têm dispensado os serviços de vigilância legalizados para contratar clandestinos, que cobram bem menos. Segundo estimativas da Federação Nacional das Empresas de Segurança Privada e Transporte de Valores (Fenavist), há hoje uma proporção de três vigilantes clandestinos para um regularizado. A situação é tão preocupante que a Polícia Federal lançou, há pouco tempo, uma campanha contra a clandestinidade no segmento.
Segundo o presidente da Fenavist, Jeferson Furlan Nazário, as empresas de vigilância formalizadas geram cerca de 700 mil empregos formais diretos. “Mas só este ano, de janeiro a maio, cerca de 8,5 mil postos de trabalho foram extintos. Só no Paraná, foram 250. A tendência é que, neste ano, mais postos sejam fechados.” Segundo ele, o segmento cresceu muito nos últimos anos. “Porém, é um setor que depende da estabilidade econômica e saúde financeira das empresas e, com a crise instalada, estamos sentindo também.”
Nazário diz que, pontualmente, algumas empresas de segurança podem estar vivendo um momento de crescimento, principalmente as que conseguiram renegociar contratos ou oferecem serviços mais acessíveis. Em Londrina, o Grupo Reinforce é uma das que passam longe da crise. “Mesmo nessa época difícil, estamos sentindo uma procura maior por parte das empresas”, diz o gerente de Projetos do grupo, Anderson Luís de Souza. De acordo com ele, a procura cresce em todos as áreas que envolvem segurança – seja vigilância armada ou não, portaria, monitoramento de alarmes. “Talvez seja o fato de as empresas preferirem terceirizar a segurança em vez de contratar funcionários próprios. Há uma série de exigências que as empresas têm que cumprir, junto à Polícia Federal, para ter vigilantes. E se vai terceirizar isso, já terceiriza portaria também.”
Cursos
Na cidade, a procura por cursos de vigilantes também cresceu. Segundo o analista financeiro da F3 Escola de Vigilantes, Ítalo Santos de Lima, a procura pelo curso de formação vem aumentando. “Nós formamos uma turma por mês, com cerca de 45 alunos cada.” A procura é tanta que, além do curso de formação integral, a escola abriu um curso noturno e outro aos finais de semana. “E pelo que a gente sabe, pelos menos 50% dos alunos conseguem emprego logo depois de se formar.”
O curso, com 200 horas/aula, é obrigatório e também deve ser autorizado pela Polícia Federal. “Há uma série de disciplinas que são exigidas, tais como primeiros socorros, combate a incêndio, legislação, rádio e comunicação, armamento e tiro, defesa pessoal e outros”, aponta Lima.
De acordo com Nazário, essa maior procura por cursos é um retorno do pessoal que, há alguns anos, deixou o setor para trabalhar na construção civil. “Hoje, com a retração, esse pessoal volta a buscar profissionalização já que o curso é obrigatório para qualquer contratação em empresa idônea.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário