A ação, que contou com mais de 20 policiais investiga supostos desvios de recursos públicos por meio de contratos com empresas para obras em escolas estaduais. A suspeita é de que a Construtora Valor Serviços Ambientais tenha recebido mais de R$ 19 milhões para a construção de escolas que não foram efetivadas.
Conforme as investigações, o esquema funcionava a partir da fraude de relatórios produzidos por engenheiros subordinados ao chefe de fiscalização e obras da Secretaria de Educação. Até o momento, conforme a Polícia Civil, estão sendo analisados dez contratos firmados entre a empresa Valor e a Secretaria de Estado da Educação, entre os anos de 2011 e 2014.
A equipe de reportagem não conseguiu contato com os representantes da Valor Construtora e Serviços Ambientais. As apreensões de nove carros de luxo e dois imóveis foram feitas por garantia de que parte do dinheiro seja recuperado, no caso a construtora ser condenada.
As obras investigadas são nas cidades de Santa Terezinha do Itaipu, Cornélio Procópio, Rio Negro, Campina Grande do Sul, Curitiba, Coronel Vivida, Joaquim Távora e Ponta Grossa.
Ainda de acordo com as investigações, em muitos casos os fiscais assinavam relatórios de andamento das obras sem nunca terem ido aos locais onde elas ocorriam.
Com isso, a Valor Construtora recebia pelos serviços, ainda que nunca os tivesse prestado. Segundo a polícia, a situação mais complexa é em Campina Grande do Sul, onde duas obras previstas estavam com apenas 1% realizado, enquanto constava 99% de conclusão nos documentos anotados.
Existe ainda a suspeita de que o ex-diretor Maurício Fanini recebia 2% de cada fatura paga irregularmente à empresa. A fraude, conforme a polícia, também alterava o organograma para que os pagamentos fossem realizados.
Em julho deste ano, na primeira fase da operação, cinco pessoas suspeitas de integrar o esquema foram presas. Entre os detidos estavam Fanini e a sócia-proprietária da Valor, Vanessa Domingues de Oliveira. Nesta fase, também foram apreendidos R$ 5 mil em dinheiro, computadores, celulares, pen-drives.
Um dia após as prisões, a empresa se ofereceu para terminar as obras, sem receber novos pagamentos do governo, numa tentativa de acordo, que não foi aceito.
Cinco dias depois, três suspeitos tiveram o prazo da prisão temporária expirado e deixaram a carceragem, em Piraquara. São eles: Vanessa Domingues de Oliveira, sócia proprietária da Construtora Valor, Viviane Lopes de Souza, engenheira da Valor e Tatiane Souza, ex-sócia da construtora.
Eduardo Lopes de Souza, procurador da Valor, teve a preventiva prorrogada por mais cinco dias, mas também deixou a prisão logo depois do prazo. Maurício Fanini, ex-diretor de engenharia, projetos e orçamentos da Secretaria de Educação, também já foi solto.
A defesa de Fanini, representada por Gustavo Scandelari, disse que "não há provas a respeito da participação do ex-diretor nos crimes investigados".
O advogado de Eduardo Lopes de Souza, Claudio Dalledone, disse que está "analisando documentos".
Em agosto deste ano, o Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) decidiu suspender contratos entre o governo do Paraná e a Valor Construtora. (Redação G1 PR / Fotos: Reprodução RPC)
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