A defasagem nas contas já não é novidade, mas tem aumentado de forma mais intensa nos últimos meses. Em razão da crise no País, milhares de trabalhadores que tinham planos de saúde corporativos e que foram demitidos passaram a usar o SUS. A Santa Casa de Londrina, por exemplo, deveria realizar 60% dos atendimentos pelo SUS, mas hoje o índice chega a 78%. "A crise está trazendo uma situação de risco para as pessoas e a responsabilidade não é só nossa, é do poder público", critica Haddad.
A manutenção da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) causa um rombo ainda maior. Em cada um dos 30 leitos credenciados para atendimento, o deficit diário é de R$ 433. A quantia é a diferença entre o custo real da diária de internação (R$ 1.088) e o valor repassado pelo governo federal, de acordo com a tabela SUS (R$ 655). Os R$ 433 pendentes entram na conta do deficit dos hospitais. Por mês, a dívida relacionada à UTI chega a R$ 390 mil na Santa Casa de Londrina.
A falta de recursos para atender os pacientes e a defasagem na tabela SUS comprometem o orçamento dos hospitais. Conforme Haddad, estudo feito pela Confederação Nacional das Santas Casas revela que, entre 1994 e 2017, houve reajuste médio de 94% no valor de alguns procedimentos listados na tabela. No entanto, no mesmo período, a inflação no País foi de 413%. "Só para manter o valor inicial, a tabela teria que ser reajustada hoje em mais de 300%. O SUS paga em média de 55% a 60% do custo real por atendimento", destaca.
Haddad, que também é presidente do Sinheslor (Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Londrina e Região), ressaltou que o município recebe do governo federal R$ 12,7 milhões por mês para pagar os atendimentos realizados pelo SUS, porém, o custo real dos procedimentos nos hospitais Santa Casa, Evangélico, Universitário, Hoftalon e Instituto do Câncer ultrapassa R$ 17,3 milhões por mês. Além disso, os cinco hospitais têm dívidas acumuladas de mais de R$ 52 milhões.
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