sábado, 28 de abril de 2012

Lei autoriza CMTU a estender fiscalização para a madrugada


A Prefeitura de Londrina quer estender os serviços dos agentes de trânsito da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) para o período da madrugada, das 22 às 4 horas. O prefeito Barbosa Neto (PDT) sancionou a lei que cria o programa Azulão da Madrugada. O projeto é de autoria do vereador da base aliada Rodrigo Gouvêa (PTC). A lei determina aos agentes da companhia, além da fiscalização e cumprimento das normas do Código Nacional de Trânsito, o combate à poluição sonora, preservação da moralidade e sossego público e outras atividades visando a segurança e sossego da população.
A lei sancionada pelo prefeito determina que no caso de motoristas flagrados embriagados, o agente de trânsito deverá chamar um policial militar para que seja feito o teste do bafômetro. Procurado pelo JL, o capitão do 5º Batalhão da Polícia Militar (BPM), Sidinei Garcia, descartou a possibilidade de apoio ao programa. “Se tivermos que colocar policial para atuar com os azulões de madrugada, a população vai ficar à mercê da bandidagem”, disse.
Para vereador, número restrito de agentes não é impedimento
O vereador Rodrigo Gouvêa (PTC) não vê no número restrito de agentes de trânsito da CMTU um impeditivo para a implantação do Azulão da Madrugada. “O diretor de Trânsito [da CMTU] Wilson de Jesus já disse que fará uma escala alternativa de trabalho dos agentes para atender a madrugada”, afirmou. “E a atuação do azulão não será diária. Serão dias específicos determinados pela CMTU para os agentes agirem em conjunto com a Força Verde e Guarda Municipal para combater os excessos nas vias públicas da cidade, principalmente de som, velocidade e bebida.”
Essas são atribuições já estabelecidas da Força Verde. Para o capitão Ricardo Eguedis, comandante da 2ª Companhia de Polícia Ambiental Força Verde, a atuação de outros agentes públicos é bem-vinda. “É um problema complexo e quanto mais ajuda melhor”, disse. O vereador Rodrigo Gouvea afirmou que a ideia do Azulão da Madrugada nasceu por entender que apenas a Força Verde atuando nesta questão não era suficiente. “Temos que somar forças.”
Sem estrutura
Para ser cumprida, a lei vai impactar diretamente na atual estrutura de fiscalização da CMTU. Em entrevista ao JL, um agente de trânsito, que não quis se identificar, afirmou que hoje, para atender a cidade toda, com quase 310 mil veículos, a companhia conta, diariamente, com apenas 32 agentes. Levando em conta que seis estão em folga por dia, na prática são 26 agentes divididos nos três turnos. Para que os serviços fossem prestados adequadamente, segundo ele, seriam necessários 50 agentes no período da manhã, 50 no período da tarde e 20 no período da noite. Ou seja, atualmente a CMTU estaria trabalhando com um quarto da quantidade considerada ideal.
“Para ter uma ideia, hoje [sexta-feira], foi difícil conseguir dois agentes para atuarem na rotatória da rodoviária. Estamos em véspera de feriado e a situação ali complica. O ideal é trabalhar com três naquele local e quase não conseguimos dois”, disse o agente.
Diariamente, uma série de outros atendimentos que são atribuições dos agentes de trânsito da CMTU deixa de ser realizada, segundo o entrevistado. “Não conseguimos estar nos congestionamentos dos cruzamentos em horário de pico; nas ruas que estão em obra para dar segurança aos trabalhadores; nas notificações da Zona Azul; nas reclamações da população sobre veículos estacionados em locais de carga e descarga, em vagas de idosos e deficientes, em locais de guia rebaixada.”
Diante desse quadro, a única forma de o Azulão da Madrugada funcionar, segundo o agente, é melhorando a estrutura geral. “Tem que contratar mais gente. Teve concurso com abertura de 50 vagas imediatas, mas ainda não chamaram ninguém.” Além do problema de falta de pessoal, o agente teme pela segurança dos trabalhadores da madrugada. “Nas Ações Integradas de Fiscalização Urbana (Aifu), que fazemos em conjunto com PM, Ministério Público, Vigilância Sanitária e outros serviços, já enfrentamos problemas de ameaças. Teremos que ter o apoio da PM, senão fica impossível.”
A reportagem tentou ouvir a CMTU durante toda a tarde de sexta-feira, mas não obteve retorno.

Nenhum comentário:

Postar um comentário