terça-feira, 29 de maio de 2012

Cito depõe e responsabiliza Karin


O ex-secretário Marco Cito atribuiu a responsabilidade pela compra dos livros da coleção “Vivenciando a cultura afro-brasileira e indígena” e dos kits escolares à ex-secretária de Educação, Karin Sabec, e disse que o prefeito Barbosa Neto assinou a documentação admitindo a inexigibilidade de licitação para os dois casos. Esses foram os principais pontos do depoimento de cerca de uma hora e meia que Cito prestou ontem aos vereadores da Comissão Especial de Inquérito (CEI) aberta pela Câmara para investigar denúncias de irregularidades na educação. Com relação ao desconto de 18% (R$ 111 mil) que a Editora Ética concedeu ao vender os livros, segundo declarou o presidente da CEI, vereador Rony Alves (PTB) na semana passada, o ex-secretário disse se tratar de uma novidade para ele.
Cito, que foi ouvido como testemunha, chegou às 14h20 à Câmara e deixou o prédio pouco depois das 16 horas. Ele chegou num carro do Departamento Penitenciário (Depen) sem algemas e sem uniforme da Penitenciária Estadual e Londrina (PEL), onde está preso desde 24 de abril, acusado de participar do esquema de suborno ao vereador Amauri Cardoso (PSDB). Cito estava sem a barba que costuma usar.
Centronic: Defesa em 32 páginas
O prefeito Barbosa Neto (PDT) protocolou no começo da noite de sexta-feira a sua defesa prévia na Comissão Processante (CP) que investiga sua responsabilidade no caso Centronic. A defesa foi entregue pelo advogado criminalista Rodrigo Sánchez Rios, de Curitiba. De acordo com a assessoria de imprensa da Câmara, o documento tem 32 páginas, incluindo os anexos, que são matérias de jornais. Conforme o presidente da CP, Roberto Kanashiro (PSDB), a comissão volta a se reunir na manhã de quinta-feira. Até lá a defesa do prefeito será analisada. “A CP recebeu a defesa e a encaminhou para a Procuradoria”, explicou o presidente sobre o procedimento a ser adotado. Segundo ele, os depoimentos serão agendados a partir de quinta-feira. A CP não divulgou quem são as testemunhas arroladas por Barbosa em sua defesa. A reunião da manhã de quinta-feira não será acompanhada pela defesa, por tratar-se de uma reunião de trabalho.
O ex-secretário estava acompanhado pelo advogado Demétrius Coelho que o defende nas ações da esfera cível. Na esfera penal, o advogado de Cito é João dos Santos Gomes Filho. Cito não deu entrevista coletiva depois do depoimento, sob a alegação de que não teria autorização do juiz da 3ª Vara Criminal, Katsujo Nakadamori, para falar com a imprensa. Em seu lugar falou Coelho, que afirmou que a Secretaria de Gestão Pública, que estava sob o comando de seu cliente quando da compra dos kits escolares e dos livros, não tem responsabilidade pelas compras, pelo fato de ser “uma Secretaria meio”. Essa responsabilidade seria da “Secretaria fim”, que no caso concreto era a Educação – que foi quem pediu as compras.
O advogado afirmou que assim que Cito deixar a prisão vai convocar uma entrevista coletiva para “explicar exatamente o que está acontecendo”. “Ele tem se queixado que já esta condenado pela opinião pública, mas o processo ainda está em trâmite. O princípio de inocência previsto na Constituição não está sendo observado”, concluiu Coelho.
Novidade
De acordo com o presidente da CEI da Educação, vereador Rony Alves (PTB), a novidade trazida pelo depoimento de Cito, foi o reconhecimento de que o prefeito assinou os documentos “convalidando” a inexigibilidade de licitação nos dois casos sob investigação pela comissão. Os livros da coleção “Vivenciando a cultura afro-brasileira e indígena” foram comprados sem licitação a pedido da Secretaria de Educação. Já no caso dos kits escolares, a Prefeitura de Londrina pegou “carona” numa licitação feita em São Bernardo do Campo (SP), alegando economia de 30%, que a qualidade do material era boa e que havia pressa em fazer a compra.
“Foi a primeira vez que alguém reconheceu que o prefeito assinou o documento de inexigibilidade e é muito importante que o próprio Cito reconheça isso”, afirmou. Mas quanto ao prefeito, ele foi cauteloso: “é muito precoce, ainda não dá para dizer que chegou ao prefeito”.

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