28/05/2012 | 01:30Marcelo Frazão
A forças dos ‘guetos’
A pesquisa também indica que, embora vários vereadores tenham base eleitoral em bairros específicos, a figura do “vereador de bairro” tem pouco peso real. Por isso, a maioria dos entrevistados – 72,14% - não soube indicar o nome do representante legislativo da sua área. Segundo Elvi Censi, analista político e professor de Ética e Filosofia política, tal situação ocorre porque, em Londrina, tem sido comum também que vereadores sejam eleitos em “guetos políticos” que não têm relação com o bairro – mas sim com grupos religiosos, sindicatos, categorias de trabalhadores específicos. Ele exemplifica citando os casos dos vereadores Sebastião dos Metalúrgicos (PDT), saído do meio sindical, e do ex-vereador Renato Lemes, eleito com votos de grupos religiosos evangélicos. “É diferente do bairro, mas também significa que formam guetos. São eleitos com pouco mais de mil, dois mil votos de um segmento e só prestam contas a ele”, afirma.
Para os londrinenses, levar recursos para o bairro também é algo relevante, mas secundário – ficando com 47,26% das respostas. Apenas 13,93% declararam que cabe aos parlamentares locais o trabalho de elaborar leis. Funções assistencialistas – doar cadeiras de rodas, óculos e viabilizar exames médicos – não foram esquecidas: 24,13% das respostas indicaram tal alternativa como trabalho de vereador. O índice é semelhante ao que disseram os curitibanos – com 29%. Só 13,93% dos entrevistados apontaram que o papel da Câmara de Vereadores é, efetivamente, elaborar leis. Uma parte importante também vê a Câmara como um elo para fazer chegar demandas à Prefeitura - 44% indicaram como tarefa dos os vereadores o fato deles servirem como porta-vozes.
“Em Londrina, a avalanche política coloca no alvo a Prefeitura. Aqui em Curitiba é a Câmara quem atrai mais as atenções”, diz Murilo Hidalgo de Oliveira, diretor do Instituto Paraná Pesquisas, apontando a diferença entre as denúncias contra João Cláudio Derosso, ex-presidente da Câmara de Curitiba, e a investigação que implica os principais assessores do prefeito Barbosa Neto em Londrina. “A crise bateu mais na Prefeitura”, define. “E a cobrança é para que a Câmara tome providências e investigue.”
“Em Londrina, a avalanche política coloca no alvo a Prefeitura. Aqui em Curitiba é a Câmara quem atrai mais as atenções”, diz Murilo Hidalgo de Oliveira, diretor do Instituto Paraná Pesquisas, apontando a diferença entre as denúncias contra João Cláudio Derosso, ex-presidente da Câmara de Curitiba, e a investigação que implica os principais assessores do prefeito Barbosa Neto em Londrina. “A crise bateu mais na Prefeitura”, define. “E a cobrança é para que a Câmara tome providências e investigue.”
Embora, 54,48% afirmem conhecer a função real de um vereador, quase metade dos entrevistados - 45,5% - não conseguiu dizer o mesmo. Professor de Filosofia e Ética da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Elvi Censi afirma que os resultados devem servir de reflexão para a Câmara de Vereadores de Londrina, sobretudo porque 48,5% das pessoas abordadas na pesquisa não souberam citar o nome de nenhum dos 19 vereadores de Londrina: “É um desafio que se impõe para o poder Legislativo: informar a população sobre suas tarefas”. Censi atesta, entretanto, que informar o eleitor sobre a função real dos vereadores – fazer leis e fiscalizar – é “um caminho pantonoso”: “Eles teriam que apontar a ilicitude das práticas eleitoreiras que desde sempre dominaram o Legislativo, inclusive em Londrina, e passar a fazer que é correto”.
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