O jornalista Luiz Carlos Bordoni, que trabalhou para campanhas eleitorais do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), afirmou ao G1 nesta segunda-feira (4), que recebeu R$ 40 mil, em espécie, diretamente das mãos do tucano, como parte do pagamento pela produção de programas de rádio em 2010.
O recebimento, disse o jornalista, ocorreu pouco antes do início da campanha, no escritório político, em Goiânia.
Na semana passada, o jornalista já havia revelado que recebeu o pagamento de R$ 45 mil pelo trabalho realizado na campanha por meio de uma empresa considerada fantasma pela Polícia Federal, e que teria recebido repasses da empreiteira Delta, investigada por ele com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Por conta disso, foi protolocado um requerimento para que o jornalista dê explicações à CPI do Congresso.
Segundo Bordoni, ele recebeu, no total, R$ 173 mil pelos programas de rádio. Os R$ 40 mil que diz ter recebido de Perillo foram a primeira de cinco parcelas. O jornalista diz que não questionou a origem do dinheiro. "Quando você trabalha para um amigo e ele te paga, você não pergunta de onde vem o dinheiro", justifica.
Em nota divulgada ainda no final da noite desta segunda (4), a assessoria de imprensa do governador de Goiás afirmou que Marconi Perillo "jamais fez e não faz pagamentos a quem quer que seja" e que sempre recebeu jornalistas em seu escritório, incluindo Bordoni, mas que as conversas sempre se referiam aos temas políticos da época.
A terceira parcela, disse Luiz Carlos Bordoni ao G1, foi recebida também em dinheiro, mas pelas mãos do atual presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras Públicas (Agetop), Jayme Rincon, que cuidava da parte administrativa da campanha. "Eu fui até a empresa dele, ele abriu a gaveta e me adiantou R$ 10 mil", conta.
Na mesma nota enviada pela assessoria de imprensa do governo de Goiás, o presidente da Agetop Jayme Rincon nega ter feito qualquer tipo de pagamento em dinheiro vivo ao jornalista e diz que o "assunto é descabido".

Bordoni diz que, após a campanha, passou a cobrar pelos R$ 90 mil restantes para completar os R$ 173 mil. Ele afirma que foi autorizado a negociar com Lúcio Gouthier, um dos assessores de Perillo, para quem teria passado os dados da conta bancária da filha, Bruna Bordoni. O depósito foi alvo de questionamento no Conselho de Ética do Senado porque Bruna teria sido nomeada posteriormente para o gabinete do senador Demóstenes Torres.
Para quitar a dívida, ele diz que recebeu dois pagamentos no valor de R$ 45 mil cada, um deles pela Alberto e Pantoja, que, segundo investigações da Polícia Federal, era uma empresa de fachada usada pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira e que recebeu recursos da empreiteira Delta, investigada por elo com o bicheiro. Esse pagamento foi revelado na última sexta (1º) pelo jornal "O Estado de S. Paulo".
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