quarta-feira, 27 de junho de 2012

Vendas crescem. Inadimplência também


O número de emplacamentos de automóveis e caminhonetes cresceu 10,14% de janeiro a maio deste ano, em Londrina, em relação ao mesmo período de 2011, de acordo com dados da Fenabrave. A redução de IPI, em vigor desde 21 de maio, teve pouco tempo para entrar na contabilidade das vendas. A estimativa das concessionárias é que, com o IPI menor, junho atinja um acréscimo de até 20% nas vendas. Boa parte da população – principalmente da classe C - está aproveitando o momento para substituir o transporte coletivo por um carro novo. Porém, a falta de planejamento do orçamento doméstico com o custo de manutenção do veículo está comprometendo o sonho do veículo próprio.
Segundo dados do Banco Central (BC) divulgados ontem, a inadimplência nos financiamentos de veículo voltou a ser recorde em maio. No mês passado, a taxa – que considera atrasos superiores a 90 dias – chegou a 13,9%, aumento de um 0,4 ponto percentual em relação a abril. A inadimplência vem subindo constantemente desde 2011. O fato já levou as financeiras a terem mais cautela nas concessões de crédito. Isso, entanto, não impede que o consumidor se atrapalhe na hora de fechar as contas.
No bolso
Para o professor de Economia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Carlos Roberto Ferreira, muitos se empolgaram com a “parcela que cabe no bolso”. “Porém, esquecem que há custos agregados na aquisição de um carro: combustível, manutenção, seguro, impostos. Tudo isso deve ser levado em conta, pois, somados, podem representar um dinheiro que vai pesar no orçamento”, diz. Segundo ele, poucos fazem um verdadeiro planejamento, na ponta do lápis, do que vão gastar com o veículo. “Antes de comprar, é preciso ter uma expectativa real para que, depois, não caia na inadimplência. É preciso se informar bem”, afirma.
Para retirar o carro zero da concessionária, o consumidor tem que providenciar o emplacamento. Só de taxas do Detran e placas, terá que desembolsar, no mínimo, R$ 300. Se contratar um despachante, o valor sobe para pouco mais de R$ 500. Algumas concessionárias fazem o emplacamento como cortesia. Outras dão descontos ou diluem o valor no financiamento. Mas, além disso, há também o IPVA e o Seguro Obrigatório, que precisam ser pagos até 30 dias após o faturamento. Para se ter ideia, o IPVA e o seguro proporcional ao ano de 2012 de um Fiat Mille duas portas básico, o carro mais barato do Brasil (R$ 20.990 – já com a redução do IPI -) sai por cerca de R$ 350.
O vendedor Luiz Kozan, 59 anos, de Sertanópolis, sabe de todos esses custos e até alguns mais. Ele comprou um carro novo há um ano e já está pensando em comprar outro. Luiz explica que, só com o carro, gasta em torno de R$ 1,5 mil por mês, sem contar o valor da prestação. “Não é fácil, é preciso por tudo no papel. Mas eu preciso, porque o carro é minha ferramenta de trabalho, minha enxada”, diz.
Seguro pesa, mas é indispensável
O seguro é um dos itens que mais pesam no bolso do consumidor e varia de acordo com a idade do condutor, estado civil, uso que se faz do carro e até do CEP da residência.
Segundo o corretor de seguros Eduardo Pereira, da Top Line Seguros, localidades com maiores estatísticas de furto e roubo encarecem o seguro do veículo. “Tudo é levado em conta. Até se a pessoa frequenta uma faculdade à noite e deixa o carro estacionado na rua”, explica. O valor, segundo ele, é o que faz com que apenas 30% da frota brasileira sejam segurados. “Mas, hoje, não dá para ficar sem seguro. Principalmente se tiver um carro zero”, aponta.
A pedido do JL, Pereira fez uma simulação de seguro para se ter ideia do custo. Para um Fiat Mille zero quilômetro, duas portas, cujo é proprietário seja um homem de 30 anos, casado, residente na zona norte de Londrina e que, além de trabalhar, frequenta uma faculdade, um seguro básico (contra incêndio, roubo, colisão e para terceiros, além de indenização de 100% do valor pela tabela Fipe para perda total) não sai por menos de R$ 1.500, com validade para um ano.
Contabilizando a manutenção
Além do combustível mensal, o consumidor deve planejar também os custos de manutenção. Segundo o gerente de Assistência Técnica da Fiat Marajó, Cristiano Luz, há algumas manutenções periódicas que precisam ser feitas em qualquer veículo. “Nos 5 mil km, é preciso fazer uma limpeza de bico injetor, para veículos que usam mais o etanol que a gasolina, por exemplo”, diz.
O valor fica em torno de R$ 70. Nos 5 mil km também é necessário fazer o alinhamento, balanceamento e rodízio de pneus, o que sai, em média, por R$ 60. Outra manutenção obrigatória é a troca de óleo nos 7,5 mil km ou seis meses, cerca de R$ 120. Nos 15mil km, uma revisão completa é necessária. “Na primeira revisão, não paga a mão de obra, mas se tiver que trocar filtros de óleo e de ar, pode ficar em torno de R$ 170”, diz.

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