quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Onze pessoas são presas pela PF no Paraná por desvio do Fome Zero

Uma operação da Polícia Federal (PF) acabou com um funcionário da Companhia Nacional de Abastecimento do Paraná (Conab-PR) preso e outros sete afastados de seus cargos por suspeita de desvio de recursos do programa federal Fome Zero.

Além do funcionário da Conab-PR, outras 10 pessoas, responsáveis por associações e cooperativas rurais foram presas. O valor total desviado no esquema ainda é apurado pela polícia. Os desvios envolvem superfaturamento de notas fiscais do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), no qual é investido R$ 1 bilhão por ano em todo o país.

Um servidor da Conab nacional também foi indiciado, mas a polícia não divulgou oficialmente os nomes de nenhum dos envolvidos na Operação batizada de Agro-Fantasma, deflagrada nesta terça-feira (24) após mais de dois anos de investigações.

Em condições normais, frações desse recurso são repassadas pelo programa do governo federal Fome Zero às regionais da Conab. A companhia então repassa os recursos a associações e cooperativas rurais, que reúne agricultores associados a essas entidades. Os produtores entregam os produtos para essas entidades, que recebem o dinheiro da companhia e entregam os alimentos a escolas, hospitais e outros estabelecimentos públicos. Depois são apresentados comprovantes pelas associações à Conab de que os itens foram entregues corretamente.

No esquema desvendado, segundo a Polícia Federal, de um lado estão as cooperativas e associações rurais e de outro a Companhia Nacional de Abastecimento do Paraná (Conab-PR). Na lista de irregularidades descobertas pela polícia estão 34 itens, entre os quais desvio de finalidade do programa e não conferência dos produtos recebidos. Ausência do controle sanitário e fichas de controle de animais fraudadas para comprovar plantel de vacas inexistentes também integram a relação de problemas encontrados.

A Polícia Federal informou que investigou 22 programas em 14 municípios e que em todos foram detectados irregularidades. As associações faziam fraudes principalmente em notas fiscais, onde constava uma quantidade de produto muito maior do que o produtor entregava. A diferença se tratava de um produto inexistente e que, a princípio, não teve participação dos produtores na adulteração.

Uma das primeiras cidades nas quais foram encontrados os problemas que deram origem à investigação foi Honório Serpa, no Centro-Sul do Paraná. De acordo com a PF, a prefeitura da cidade denunciou à Conab que as associações estavam superfaturando notas fiscais. Os documentos não estavam condizentes com a produção da cidade, tanto em volume quanto mês da colheita.

A PF relata que a denúncia foi praticamente ignorada pela Companhia Nacional de Abastecimento. Técnicos estiveram no local e em um relatório teriam apontado que havia apenas algumas irregularidades pequenas. Nenhuma delas, conforme essa análise sob suspeita, teria indícios de má-fé por parte dos envolvidos.

Na terça-feira (24), a PF cumpriu 11 mandados de prisão, 37 de busca e apreensão e sete de suspensão cautelar da função pública. Além disso, outros 37 mandados de condução coercitiva estão na lista da entidade. O recolhimento das pessoas e materiais é feito em 15 cidades do Paraná, em Bauru, no estado de São Paulo, e também em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul. Os documentos foram emitidos pela 2ª Vara Criminal da Justiça Federal de Curitiba.

Até o período da manhã, 58 pessoas foram indiciadas nos crimes de apropriação indébita previdenciária, estelionato contra a Conab, quadrilha ou bando, falsidade ideológica, ocultação de documento, peculato doloso, peculato culposo, emprego irregular de verbas públicas, prevaricação, condescendência criminosa e violação de sigilo funcional. Todos os crimes estão previstos no Código Penal Brasileiro.

Segundo a PF, os programas investigados estavam sediados em Guarapuava, Foz do Jordão, Honório Serpa, Candói, Ponta Grossa, Irati, Rebouças, Teixeira Soares, Inácio Martins, Fernandes Pinheiro, Itapejara D’Oeste, Goioxim, Pinhão e Querência do Norte.

"Os próximos passos são concluir o inquérito, juntar os documentos apreendidos, ouvir mais algumas pessoas e então encaminhar o caso ao Ministério Público Federal", disse o delegado da PF, Maurício de Brito Todeschini. (Redação A Voz do Povo)




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