segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Em Londrina, Justiça determina presença de médicos nos plantões em dois hospitais públicos

O juiz da 1ª Vara da Fazenda Pública de Londrina, Marcos José Vieira, concedeu, uma tutela antecipada que determina a presença de uma equipe mínima de médicos plantonistas nos hospitais Zona Sul e Zona Norte. Mesmo com a decisão judicial, não há garantias de que a população terá profissionais atendendo nas duas unidades, de acordo com a 17ª Regional de Saúde.

A tutela é resultado de uma ação civil pública ajuizada há duas semanas pelo promotor de Direitos Constitucionais, Saúde Pública e Saúde do Trabalhador de Londrina, Paulo Tavares. A ação solicita a garantia de uma equipe médica com dois clínicos gerais, um pediatra e um cirurgião em cada um dos hospitais nos plantões. “A tutela dá um prazo de cinco dias, então, a partir de segunda-feira, essa equipe tem de estar lá, sob pena de multa diária de R$ 3 mil”, disse o promotor.



 “Garantias [de que haverá médicos nos próximos dias], não tenho. Mas, antes mesmo da tutela, houve uma reunião e ficou combinado uma união de esforços para tentar evitar a falta de médicos nos fins de semana”, contou a diretora da 17ª Regional de Saúde, responsável por Londrina e região, Teresinha de Fátima Sanchez.

Um dos esforços vem da Secretaria Municipal de Saúde, que se comprometeu a garantir a presença de médicos nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) localizadas próximas aos dois hospitais. De acordo com o secretário municipal de Saúde, Francisco Eugênio de Souza, as UBSs que atendem 24 horas e 18 horas já têm médicos escalados para o fim de semana. “Estou acompanhando a escala e quero os nomes de cada um dos médicos que vai estar de plantão no fim de semana.”

Quem precisar do atendimento secundário do Zona Norte, no entanto, pode não encontrar profissionais no fim de semana. Na sexta-feira (22), ainda havia pontos descobertos na escala de plantões. A dificuldade em manter uma equipe de quatro médicos para cada turno é, segundo o diretor do hospital, Walter Marcondes Filho, o desinteresse dos médicos. “Uns dizem que têm medo da pressão da população, da pressão da imprensa. Mas a gente, quando se torna médico, tem de cortar a palavra medo do vocabulário”, ponderou.

Na segunda-feira (18), moradores da zona norte realizaram um protesto na Avenida Saul Elkind, por conta da morte de uma idosa. Ela deu entrada no Hospital Zona Norte, mas não foi atendida por falta de plantonista.

Diante da decisão judicial, o Cismepar, responsável pela contratação dos plantonistas, aumentou o valor oferecido aos médicos pelos plantões. “Eles estão correndo atrás, pagando qualquer preço”, afirmou o diretor. Segundo ele, atualmente, os médicos recebem R$ 1.050 pelos plantões durante a semana e R$ 1.150 nos finais de semana.

Marcondes Filho disse acreditar que o problema é devido à perda de confiança dos médicos no setor público. “Hoje, os médicos se formam, se especializam e partem para o setor privado. Perderam a confiança por causa dos baixos salários, da sobrecarga de trabalho.”

O diretor do Cismepar, Luis Lino, confirmou o aumento nos valores dos plantões. Houve um acréscimo de 30%, mas na avaliação de Lino não é o valor que está fazendo a diferença para os médicos. O problema, segundo ele, é o aumento na procura. “As UBS não abrem aos finais de semana, justamente quando aumentam os acidentes de trânsito. Fora isso, há as pessoas que buscam o HZN e o HZS sem passar por um hospital primário. Isso acaba lotando os hospitais e afetam a qualidade do atendimento”, declarou.

O diretor do Cismepar garantiu que não haverá falhas nos plantões deste final de semana. Além dos médicos que já estão escalados, Lino confirmou ter feito contato telefônico com outros profissionais. Perguntado se os médicos extras seriam chamados em caso de falta dos plantonistas escalados, o diretor foi incisivo. “Não haverá faltas, eu garanto”, disse.

O diretor do Hospital Zona Sul foi procurado pelo JL, mas não atendeu as ligações. (Redação Jornal de Londrina)

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