terça-feira, 1 de abril de 2014

Cartas censuradas pelo nazismo são encontradas em colégio no Paraná

A organização do acervo do Colégio Mãe de Deus, em Londrina, no norte do Paraná, revelou aos voluntários uma descoberta histórica. Cartas que haviam sido enviadas por uma freira, entre 1939 e 1941, endereçadas a parentes dela na Alemanha, estavam guardadas entre os pertences da religiosa. As correspondências nunca chegaram ao destino, pois foram censuradas pelo governo nazista.

As cartas escritas pela freira de Schoenstatt irmã Mariavirgo foram devolvidas ao colégio quase 50 anos depois de serem remetidas. Com a descoberta, os materiais devem ir para o acervo do colégio, fundado em 1936.

A irmã Mariavirgo, nome que faz referência a Virgem Maria, se chamava Gabriele Moser. Ela veio da Alemanha para o Brasil em 1935, junto com outras religiosas. Depois, chegou a Londrina um ano depois, vinda de Jacarezinho, também no norte do Paraná.

O destinatário descrito nos envelopes é o pai de Gabriele, Ludwig Moser, morador da pequena cidade de Geislingen. Foram encontradas três correspondências, todas apresentando o selo de censura do Terceiro Reich.

"Essas cartas foram encontradas na coleção da irmã Maria Wilfried, que trabalhava na escola de música. Quando achamos, ficamos curiosos em descobrir o que estava escrito nessas cartas, por ser da época da Segunda Guerra Mundial”, relata o arquivista Amauri Gomes.

"Foi uma surpresa grande quando encontramos as cartas. Pelos envelopes, vimos que eram cartas censuradas pelo nazismo e ficamos curiosos, nos perguntando 'o que contêm essas cartas para serem censuradas, o que a irmã estaria contando'", diz Elenice Dequech, voluntária que auxilia na organização do acervo histórico do colégio.

As cartas foram encaminhadas para uma religiosa do colégio, que iniciou a tradução do texto. Ela conheceu a própria irmã Mariavirgo, que ficou no no colégio até falecer. "Vamos interpretá-las devidamente, e que fique uma nova fonte para ver o quanto essas irmãs se dedicaram", diz a irmã Maria Fernanda Balan, que auxiliou na tradução dos textos durante a reportagem. (Redação G1 PR / Foto: Rodrigo Saviani)

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