quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Faculdade e alunos são condenados a indenizar estudante por trote violento

Após a realização de trotes violentos em instituição, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) condenou três universitários e a mantenedora das Faculdades Integradas Padre Albino, de Catanduva (SP), a indenizar uma estudante que sofreu ferimentos graves em trote violento, nas dependências da faculdade, em 2000. A decisão do TJ foi divulgada na terça-feira (26) e confirma sentença dada em 2009 em primeira instância e, à ela cabe recurso ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Durante a recepção aos calouros em 2000, Mariângela Cláudia Dias Chaves guarda na memória os momentos de terror que vivenciou. No trote, ela adquiriu sequelas permanentes causadas por queimaduras provocadas por produto químico de lavar carros jogado em suas costas. Três estudantes do 2º ano do curso foram condenados: Elias Geraldo Zanotto dos Santos, Rogério Henrique Bortoletto e Vanderlei Aparecido Frigieri Júnior.

Mariângela, aluna beneficiada, revela que na época lhe pediram R$ 30,00 para não participar do trote, mas como ela não tinha dinheiro, decidiu participar, mas nunca imaginou que seria tão violento.

Ela lembra que os veteranos avisaram que jogariam algo em suas costas, portanto, era para ela abaixar a cabeça e não deixar o produto atingir os olhos. "Fiquei com marcas iguais as causadas por tiros porque o produto era corrosivo e penetrou na minha pele", conta Mariângela. "Só pude entrar na piscina em 2011", diz. "Em 2007, eu até tentei, mas depois que uma menina me perguntou que marcas de tiros eram aquelas, eu desisti".

Devido ao trauma psicológico, Mariângela revela que largou os estudos e só recuperou-se depois que casou e se tornou pastora de igreja evangélica. Para ela, as sessões de terapia da igreja lhe ajudaram a superar o problema. Hoje com 37 anos, Mariângela trabalha como projetista em uma empresa de Catanduva.

Ela ressalta que só resolveu mover ação civil, depois que a Justiça absolveu os acusados de cumprir prisão fechada no processo criminal. "Eu não entendi porque eles foram condenados somente a cumprir somente trabalhos para a comunidade", disse. Ela conta que está satisfeita com a decisão, não pelo dinheiro, mas porque o prejuízo que sofreu foi muito maior.

De acordo com o seu advogado, Adriano Goldoni Pires, ele vai executar a Fundação Padre Albino para fazer o pagamento da indenização.

Em nota, a fundação afirmou ser contra o trote e puniu os alunos acusados. Além disso, informou que não analisou a decisão porque ainda não foi citada.

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