“Não possuo qualquer relação com partidos políticos, embora me posicione no Facebook e publicamente em conversas e em discussões”, explicou Panda.
O estudante acrescentou que tem “mais relações com a universidade do que com a militância” e, por isso, não vê as próprias manifestações na internet como ativismo. “Mas considero que são atos políticos, porque deixam claro uma perspectiva de ver o mundo.”
Panda disse acreditar que existe uma grande confusão entre partidos e atos políticos, embora não haja uma relação obrigatória entre as duas coisas. Mesmo não sendo militante nem participante de algum movimento, o comportamento dele eventualmente extrapola as redes sociais. “Acredito que tenho um posicionamento muito mais filosófico do que militante, embora participe de marchas sempre que posso.”
No próprio perfil no Facebook, Panda usa um tom bem-humorado. Comenta, por exemplo, debates em tempo real, com tiradas espirituosas: “por que tudo que passa no SBT vira novela mexicana?”, postou durante o debate entre os presidenciáveis realizado pela emissora na semana passada.
Já a jornalista Stephanie Bergamo
pensou em votar em Eduardo Campos (PSB), aproximou-se de Marina Silva (PSB), mas acabou optando por Aécio Neves (PSDB) no primeiro turno. O motivo dela foi o antipetismo. “Sempre fui contra o PT”, contou ela, que não é filiada nem militante de partido algum.
Stephanie disse que faz um “um certo ativismo fora da rede [social]”. “Acho que esse meu ativismo passa um pouco das redes sociais, mas nunca me envolvi diretamente.” Entre os exemplos dados por ela estão as jornadas de junho do ano passado, as passeatas contra o aumento do preço do ônibus na cidade em janeiro deste ano e a Marcha das Vadias. “Não tem como cruzar os braços e fingir que [a situação] não está me atingindo.”
Por causa do posicionamento que tem, Stephanie já brigou com colegas de comunidades feministas no Facebook. “Muitas estão a favor de Dilma só pelo fato de ela ser mulher”, criticou. O estilo dela é mais combativo: a própria foto no perfil na rede social é um símbolo de proibição no trânsito sobre um desenho da presidente Dilma.
Movimentos sociais
As redes sociais se mostraram uma importante ferramenta para a política nesta eleição presidencial. E este papel se firmou gradualmente nos últimos anos, levando em conta a relevância na última eleição presidencial, na qual Dilma Rousseff (PT) foi eleita, em 2010, e nas vitórias de Barack Obama, nos Estados Unidos, em 2008 e 2012.
De acordo com André Fonseca, professor do Departamento de Comunicação Social da Universidade Estadual de Londrina (UEL), no entanto, as redes sociais não são usadas somente como ferramenta pela política nas disputas eleitorais. Muito antes disso, os movimentos sociais já lançavam mão desse recurso.
Para ele, o momento inicial é o dos movimentos antiglobalização de Seattle, nos Estados Unidos, em 1999. Depois disso, as redes sociais passaram a ser usadas por outras mobilizações, como as de Gênova, na Itália, em 2001; o “Ocupa Wall Street”, nos Estados Unidos, em 2011; e, finalmente, as jornadas de junho, no Brasil, em 2013.
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