quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Presidente recua e já admite abrir mão de plebiscito

BRASÍLIA - Um dia depois de aliados rechaçarem a ideia de um plebiscito para a reforma política, Dilma Rousseff e o líder do governo na Câmara dos Deputado, o petista Henrique Fontana (RS), já admitem recuar da proposta, feita pela presidente em seu discurso da vitória no domingo passado.

À tarde, Fontana afirmou que a reforma não necessariamente precisará ser precedida por um plebiscito popular. “Temos diversas alternativas. O importante é que ela seja votada pelo Parlamento”, disse o petista, que foi relator de uma proposta que tramitou no Legislativo. À noite, em entrevista à TV Bandeirantes, Dilma afirmou que a reforma poderá ser feita tanto por plebiscito quanto por referendo. “Não interessa muito se é plebiscito ou referendo. Mas não é possível supor que a sociedade e a população vão ficar alheias a esse processo”, disse.

Fontana também já vinha ensaiando o discurso de que o referendo é uma alternativa. A opção pelo referendo é defendia pelo PMDB, maior partido da base aliada. No plebiscito, as propostas são escolhidas pela população e depois aprovadas pelo Congresso. No referendo, o Congresso as aprova e a população as avaliza ou não.

A oposição criticou duramente a proposta. “A primeira declaração que ela (Dilma Rousseff) faz é criticar a imprensa, é fazer críticas ao (Geraldo) Alckmin sobre a crise hídrica? Como se não faltasse água em Guarulhos, que é administrada pelo PT. Que diálogo é esse? Vem com essa lenga-lenga de plebiscito para reforma política? Sustentar a tese de que existe corrupção na política por causa das regras eleitorais. Conversa! Nessa conversa eu não entro, não”, disse o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), vice na chapa de Aécio Neves, em entrevista no Senado.

Nos dois últimos dias, em entrevistas a emissoras de tevê, Dilma foi mais amena na proposição de um plebiscito, chegando até a admitir um referendo para a reforma política.

Alternativas. De acordo com Fontana, o Congresso pode optar por diferentes caminhos: dar prioridade à proposta encampada por entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, fazer uma consulta popular prévia que marque as diretrizes para a reforma política - o plebiscito - ou ainda chamar um referendo depois que o tema tenha sido votado. “Dá para agregar ao projeto da OAB a ideia do referendo.”

O petista disse ainda que o governo não tem “pretensão” de fechar questão sobre os temas que deverão ser discutidos pelo Congresso, mas defendeu que é fundamental encontrar uma “alternativa ao financiamento eleitoral”. O PT é um dos partidos que pressionam pelo fim de doações empresariais a campanhas.

© Reprodução/Divulgação

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