O Ministério Público (MP) de Londrina abriu inquérito para investigar dois supostos casos de abuso sexual que teriam sido cometidos contra dois menores por um membro de uma congregação evangélica da cidade.O processo corre em sigilo.
A promotora de Justiça da 6ª Vara Criminal, Susana Feitosa de Lacerda, colheu na última sexta-feira os depoimentos de uma das vítimas – um adolescente de 15 anos – e da mãe dele. A outra vítima, que também seria um adolescente da mesma idade, deve ser a próxima a ser ouvida. "Foram identificados dois casos. Para mim já está configurada a situação de abuso nesse primeiro caso. Vou ouvir quantas pessoas for necessário para oferecer a denúncia", afirmou a promotora.
A denúncia contra o membro da congregação evangélica foi relatada de forma anônima há cerca de um mês na 6ª Vara Criminal.
Em conversa com a Folha de Londrina após os depoimentos ao MP, na última sexta-feira, uma das vítimas e a mãe dele disseram que o abuso ocorreu na casa de um frequentador da congregação, enquanto o adolescente dormia na sala.
O acusado, um rapaz na faixa etária dos 25 anos, teria tocado as partes íntimas do garoto, por cima da roupa. O adolescente disse que acordou assustado e tirou satisfação com o acusado, que, segundo o garoto, fingiu que estaria dormindo. Tanto a vítima quanto a mãe dele afirmaram que o rapaz é pastor na igreja e lidera o grupo de crianças e adolescentes, o que o advogado e os líderes da congregação negam.
A vítima ainda relatou que o episódio chegou ao conhecimento dos líderes pastorais, que se reuniram com o adolescente na presença do acusado. "Ele ficou o tempo todo chorando no canto da sala. Alguns pastores chegaram a falar que ele tinha que ser mandado embora, mas ele falou que não queria sair e pediu desculpas, dizendo que queria ficar, que era função da igreja recuperá-lo", relatou o garoto.
A mãe dele disse que também foi procurada pelos líderes da congregação. Eles teriam dito que o rapaz não era pastor na igreja, já que não teria sido ungido para a função, mas que iriam tomar providências. "Eles afastaram o pastor, deixaram ele morando na casa paroquial, mas algum tempo depois ele voltou à mesma função normalmente. Nós sentimos que eles tinham intenção de abafar o caso", relatou a mãe, acrescentando que decidiu procurar o Ministério Público quando sentiu que nenhuma providência foi tomada pelos líderes da congregação.
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