sábado, 1 de novembro de 2014

Um reflexão sobre o feriado de Finados" - Pelo o Bispo Diocesano Dom Manoel João Francisco

A solenidade de todos os santos, celebrada no dia primeiro de novembro, próximo sábado e a comemoração de todos os fiéis defunto, celebrada no dia dois, próximo domingo colocam-nos diante do nosso futuro, ou seja, diante da morte e do que vem depois dela.

Para nós cristãos, a vida é uma só. Começa com a concepção e continua para além da morte, quando então, ultrapassa os limites do tempo e do espaço. Depois da morte o ser humano se vê diante de três possibilidades: a de uma purificação chamada purgatório, a de entrar imediatamente na felicidade do céu e a de condenar-se de imediato para sempre no inferno.

Purgatório: Faz parte da fé católica que “os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantidas a sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrarem na alegria do céu” (CIC 1030).

A fé na existência do purgatório vem dos primórdios da Igreja, como testemunham as orações feitas pelos fiéis defuntos e o ensinamento dos Santos Padres. São João Crisóstomo que viveu no século V, pregando para os seus fiéis, na catedral de Constantinopla, fazia-lhes esta exortação: “Levemos-lhes socorro e celebremos sua memória. Se os filhos de Jó foram purificados pelo sacrifício de seu pai, por que duvidar de que nossas oferendas em favor dos mortos lhes leve alguma consolação? Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer as nossas orações por eles”.

Céu: No coração de todo o ser humano está o desejo de felicidade plena e sem fim. Nossa fé cristã ensina que, por nós mesmos, não somos capazes de alcançá-la. Ela se encontra em Deus e, é ele quem no-la proporciona, por meio de seu Filho, Jesus Cristo que, por nós morreu e ressuscitou.

A felicidade do céu supera toda compreensão e toda imaginação. São Paulo na carta aos Coríntios assim se expressa: “O que Deus preparou para os que o amam é algo que os olhos jamais viram, nem os ouvidos ouviram, nem coração algum jamais pressentiu” (1Co 2,9). O Apocalipse descreve o céu como “morada de Deus com os homens”, lugar onde o próprio Deus enxugará toda lágrima, e onde a morte não mais existirá, nem haverá mais luto, nem grito e nem dor (Apc 21,3-4).

A liturgia diz que o céu é uma festa que nunca se acaba, um lugar onde ninguém mais vai sofrer, ninguém mais vai chorar, ninguém mais vai ficar triste (Or. Euc.com Crianças). Segundo as Escrituras, ao mesmo tempo que é recompensa pelas nossas boas obras realizadas aqui neste mundo (Mt 5,12; 19,21.29; Mc 10,30; Lc 6,23), o céu é também puro dom da graça (Mt 20,1-16).

Inferno: Para o homem moderno é muito difícil crer na eternidade dos tormentos do inferno. Alguns até argumentam que, se o inferno existe e é eterno, Deus não pode ser bom e misericordioso. Mas justamente por causa da bondade e da misericórdia de Deus o inferno existe. Por ser bom e misericordioso, Deus permite que a última palavra não seja a dele – misericórdia -, mas seja a do ser humano – liberdade.

Se o homem não quer e não aceita sua bondade e seu amor de Pai, Deus respeita a liberdade do ser humano e não o obriga a viver com ele no céu. A Palavra de Deus só fala do inferno em figuras: lugar onde haverá choro e ranger dentes, onde o verme que rói os ossos não morre e onde o fogo não se extingue.

 Nossa fé nos diz que Deus não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva. O céu, portanto, é o que Deus quer para nós. Acolhamos com o coração agradecido a vontade de Deus e gozemos por toda a eternidade a felicidade sem fim.



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