terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

É uma bênção', diz padre afastado da Igreja ao ser pai no norte do Paraná

O padre Zenildo Megiatto, de Mandaguari, no norte do Paraná, foi suspenso da Igreja Católica porque tornou-se pai. A informação foi confirmada pela Arquidiocese de Maringá em comunicado divulgado na segunda-feira (23).

O sacerdote assume que teve o filho com uma ex-ministra da paróquia, aos 65 anos, mas diz não concordar com o afastamento. "Não é isso que a gente queria, não acho que eu merecia ser afastado. É uma situação nova, mas é uma bênção. Não vou dizer que é um bicho de sete cabeças, não. Penso que isso deve ser enfrentado de maneira aberta, franca, com conversa", afirma o padre.

O ex-pároco afirma ser contrário ao celibato e garante: há muitos outros padres que têm filhos, mas "ninguém vê". Ele pede um debate aberto sobre o assunto.

"É uma opção. Você pode criar uma família e ser padre: por que não? O mundo mudou. O celibato tem que ser conversado, analisado, discutido. Precisa ser enfrentado de forma aberta, ou vamos manter uma hipocrisia. A discussão precisa ser enfrentada. Isso [o afastamento] pode ser um sinal? Um alerta de Deus? Por que não?", comenta Megiatto.

"O clero está muito alto, muito distante. Algo que dá a impressão de que é um ET, um negócio diferente. Aí as pessoas pensam que o padre é um santo, intocável. Temos que nos aproximidar do povo. Se os padres tivessem essa condição [de ter filhos dentro das normas católicas], eles entenderiam muito mais sobre família. Abriria espaço para a igreja ser, de fato, missionária, familiar".

O arcebispo de Maringá, dom Anuar Battisti, lamentou o ocorrido e citou o Papa Francisco para justificar a suspensão. Um outro padre, do município de Aquidaban, também foi afastado por suspeita de ter engravidado uma mulher.

“Lamentamos profundamente o ocorrido e, dentro de uma postura de transparência fortalecida com as ações de abertura do Papa Francisco, o que tenho a dizer é que qualquer eventual erro do nosso clero deverá sempre ser tratado de acordo com as normas do direito canônico, que, neste caso, prevê a suspensão imediata do ministério sacerdotal”, disse o arcebispo, em nota. (Redação G1 PR / Foto: Reprodução RPC Maringá)

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