sexta-feira, 13 de março de 2015

Problemas com merenda e falta de professores marcam volta às aulas no Paraná

Os cerca de 100 mil alunos da rede estadual de ensino ligados aos núcleos regionais de Foz do Iguaçu e de Cascavel, no oeste do Paraná, retornaram às aulas na quinta-feira (12), após 29 dias de greve dos professores e demais servidores da educação e dois dias para a conclusão dos preparativos. Em alguns colégios, o estoque de merenda escolar é o que sobrou do ano passado. Também houve registro de turmas sem aulas por falta de professores.

No total, 1.160.147 alunos em todo o estado esperaram um mês para retornar às salas de aula depois das férias. Após a paralisação, foi necessário estabelecer um novo calendário. Em julho, haverá um recesso de apenas uma semana, entre os dias 13 e 17, e o ano letivo vai encerrar apenas no dia 23 de dezembro.

Em Foz do Iguaçu e oito municípios vizinhos, cerca de 95% dos quase 50 mil alunos compareceram no primeiro dia de aula. De acordo com o Núcleo Regional de Educação (NRE), não foi registrado nenhum problema que impedisse o início do ano letivo. “Os dois dias de planejamento do calendário foram tranquilos. Todos estavam ansiosos para o retorno”, comentou a chefe regional, Ivone Muller. “Em Santa Terezinha de Itaipu, por exemplo, dois colégios retornaram ainda na segunda-feira e o restante na terça.”

Em alguns colégios, porém, a merenda escolar está no limite, como no Tarquínio Santos e no Barão do Rio Branco. A carne enlatada é o produto mais escasso. “Nos primeiros dias, vai ser preciso aproveitar o que tem no estoque. A reposição de produtos como a carne e as verduras e legumes da agricultura familiar precisava da definição do início das aulas para que pudesse ser iniciada. As merendeiras são bastante criativas, por isso acredito que o lanche dos alunos estará garantido”, comentou Ivone ao estimar que tudo deverá estar normalizado em até dez dias.

De acordo com o governo do estado, desde terça-feira (10), os funcionários e professores se empenharam para organizar a estrutura para que os alunos pudessem retornar às atividades. No mesmo dia, começaram as entregas dos alimentos congelados como carnes e peixes, diretamente pelos fornecedores. Ao todo, foram enviadas 2.864 toneladas de alimentos, como arroz, feijão, macarrão, biscoitos, cereal matinal, leite em pó, farinha, fubá e barra de frutas.

Entre os alunos, a ansiedade também era grande. “Quatro meses sem estudar é muito tempo. Não via a hora de poder voltar e ter contato com as matérias deste ano”, destacou Aline Silveira, aluna do 6º ano do Colégio Estadual Carlos Drumond de Andrade. “Só foi um pouco difícil levantar cedo. Mas, agora estou feliz. Espero que a gente não precise mais ficar tanto tempo sem aula. É muito ruim porque a gente demora um pouco para lembrar o que estudou no ano passado”, completou a estudante.

Nas escolas de Cascavel, também no oeste, algumas turmas ficaram sem professores durante parte da manhã. Problema que, segundo o NRE – que abrange 18 municípios da região e aproximadamente 50 mil alunos distribuídos em 93 colégios - deve ser resolvido com o remanejamento de professores substitutos. Logo na chegada, estudantes foram informados sobre o que ficou acordado após os 30 dias de greve e como ficará o calendário escolar para 2015.

A greve teve início no dia 9 de fevereiro e atingiu mais de 950 mil alunos, que deveriam ter iniciado os estudos naquele dia. O movimento se encerrou após uma assembleia, com milhares de educadores no Estádio da Vila Capanema. Durante os 29 dias de greve, os educadores ficaram acampados em frente à Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) e fizeram vários protestos.

No dia 10 de fevereiro eles chegaram a invadir o Plenário da Casa, diante da tentativa dos Governo do Paraná e dos deputados estaduais de aprovar o chamado 'pacotaço', via Comissão Geral.

Na quarta-feira (4), após assembleia que decidiu pela continuidade da greve, cerca de 20 mil docentes marcharam rumo à Alep.  No mesmo dia, o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) determinou a volta imediata dos professores e funcionários das escolas públicas estaduais ao trabalho. O sindicato foi notificado oficialmente sobre a decisão na sexta-feira (6). (Redação G1 PR / Foto: Tarcísio Silveira)

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