Um dia depois de determinar a soltura do empresário Luiz Abi Antoun, investigado por suposto envolvimento com a contratação fraudulenta da oficina Providence, de Cambé (Região Metropolitana de Londrina), para a manutenção dos veículos oficiais do governo do Paraná, o juiz substituto de 2º grau, Márcio José Tokars, também revogou as prisões de outros três suspeitos: o ex-diretor do Departamento Estadual de Transporte Oficial (Deto), Ernani Augusto Delicato, o dono da oficina, Ismar Ieger, e o advogado de Abi, José Carlos Lucca. Eles são investigados na operação Voldemort.
Delicato, que estava foragido, foi exonerado do cargo estadual há pouco mais de um mês. No entanto, antes da saída dele houve a contratação considerada irregular, que destinaria, conforme o contrato, R$ 1,5 milhão para a oficina Providence, para conserto de veículos utilizados pelo governo. Segundo as investigações conduzidas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério do Público (MP) do Paraná, Luiz Abi, que é parente do governador Beto Richa (PSDB), seria o verdadeiro dono da oficina e articulador da contratação fraudulenta.
Segundo o juiz Márcio Tokars, a saída de Delicato da função pública "se mostra como suficiente para inibir a perpetuação dos supostos crimes cometidos e o prejuízo estatal, vez que afasta o paciente da influência, decisão e análise quanto a eventuais contratações de licitação, impedindo assim qualquer eventual prejuízo que poderia advir ao erário público". As decisões que liberaram os três suspeitos são liminares.
Como medidas substitutivas à prisão, Tokars impôs a Delicato, Ieger e Lucca restrição do direito de sair do País, com recolhimento do passaporte, que deve ser entregue à Justiça; comparecimento quinzenal no Fórum de Londrina para informar e justificar suas atividades; comunicação imediata quanto à mudança de endereço. Com a concessão dos habeas corpus, permanece preso apenas o sócio de Abi na empresa KLM Brasil, Roberto Tsuneda. A defesa dele apresentou recurso ontem no Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná.
Promotor lamenta
O promotor de Justiça, Cláudio Esteves, coordenador do Gaeco em Londrina, lamentou a decisão do TJ. Ao ser questionado sobre eventuais prejuízos à investigação com a soltura de Luiz Abi, Esteves defendeu a reclusão dos investigados. "Lamentamos muito porque a necessidade da custódia cautelar era fundamentada em critérios eminentemente técnicos, fatos evidenciados em meses de investigação, que foram muito bem sopesados pelo juízo da 3ª Vara Criminal."
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