A Polícia Civil do Paraná apura um caso de injúria e homofobia cometido contra um casal gay na estação-tubo Antero de Quental, no bairro Portão, em Curitiba. Na última terça-feira, por volta de 11h30, o acadêmico de Ciências Sociais Alexandre Plautz Lisboa, 20, e o bailarino e professor Leonardo Camargo Soares da Cruz, 27, esperavam o ônibus no local, quando teriam sido agredidos verbalmente pelo cobrador, ainda não identificado. Os jovens registraram boletim de ocorrência no 8º Distrito Policial (DP) da Capital. "Estávamos abraçados e havia algumas pessoas já dentro do tubo, que fica perto da minha casa. O cobrador, que vejo de vez em quando neste horário, olhou para nós e disse: 'pô, aqui não, né? Vamos parar com essa pouca vergonha e respeitar as pessoas'", contou Lisboa.
Como Cruz tinha um compromisso, acabou pagando a passagem e entrando no coletivo, enquanto o estudante permaneceu do lado de fora. "Eu fiquei sozinho com o cara, pedi o nome dele, porque o crachá estava para dentro da blusa, disse que ia ligar para a polícia e também para a Urbs (autarquia responsável pelo transporte coletivo da cidade). Ele se recusou a falar e então simplesmente pegou um pau de dentro da estação; veio para cima de mim e começou a me ameaçar. Fiquei em choque, mas recuei e fui embora", relatou. Os namorados disseram que resolveram dar publicidade ao caso para evitar que situações assim continuem acontecendo.
"Nós somos militantes. Lutamos por igualdade e cidadania. Acreditamos que não dá para sofrer esse tipo de coisa e ficar calado", opinou Cruz. "Muitos amigos sofrem violência e não correm atrás. A gente consegue viver a nossa afetividade dentro de casa. Mas grande parte da população LGBT (formada por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) acaba frequentando guetos, porque não é aceita. Curitiba é uma das cidades mais violentas para LGBTs", completou Lisboa.
O delegado Guilherme Luiz Dias, do 8º DP, contou que nos próximos dias deve ouvir as vítimas, para dar início às investigações. Ele também já teria requisitado à Guarda Municipal e à Urbs as imagens das câmeras de segurança, com o objetivo de localizar o suspeito. "Ainda não se sabe quem foi. Fizemos uma solicitação por ofício, mas como não é caso de prisão em flagrante, embora nos salte aos olhos, demora um pouco mais. A gente tem um prazo de dez dias para encerrar", afirmou. Também procurada pela reportagem, a Urbs informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que notificou a empresa responsável, para que ela tome providências em relação ao ocorrido. Dependendo do retorno, a entidade pode instaurar um processo administrativo.
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