O novo método forneceu proteção completa em camundongos e, segundo os autores, pode ser o caminho para a vacina universal contra a gripe. As duas pesquisas tiveram seus resultados publicados nesse domingo, 23, simultaneamente, nas revistas Science e Nature.
Uma das principais características do vírus influenza, segundo os cientistas, é que ele se modifica constantemente e, por isso, as vacinas atuais precisam ser atualizadas anualmente. Uma vacina universal, segundo deles, poderia no futuro eliminar a necessidade de várias rodadas anuais de vacinação.
"Esse estudo mostra que estamos nos movendo na direção certa para uma vacina universal contra a gripe", disse um dos autores do estudo da Science, Ian Wilson, professor do Instituto de Pesquisas Scripps, dos Estados Unidos.
Segundo Wilson, anualmente a gripe comum causa mais de 200 mil hospitalizações e 36 mil mortes só nos Estados Unidos. Embora a vacinação anual proteja contra algumas cepas do vírus, ela não faz efeito para vários subtipos do vírus que aparecem subitamente - como aconteceu em 2009 com o subtipo H1N1, conhecido como "gripe suína", que matou entre 150 mil e 575 mil pessoas no mundo.
Vários grupos de pesquisadores já haviam desenvolvido vacinas cujo alvo é a molécula chamada hemaglutinina (HA), uma proteína que tem como principal função ligar o vírus ao receptor da célula hospedeira - e que está presente em todos os subtipos de influenza. O problema é que a "cabeça" dessa molécula se modifica rapidamente e, por isso, as vacinas precisam ser reformuladas continuamente.
Nos dois estudos publicados ontem, os cientistas tentaram outra estratégia: criar vacinas que atuem no "caule" da molécula HA, em vez de atuar na sua "cabeça". Eles descobriram que, embora a "cabeça" da molécula se modifique muito, o "caule" permanece muito parecido, com poucas mutações, nas diversas cepas de vírus.
Segundo Wilson, uma vacina capaz de fazer o corpo reconhecer a parte da molécula HA que não sofre mutações seria fatal para o vírus, já que a proteína é fundamental no processo de infectar as células e está presente em todos os subtipos.
Os pesquisadores então isolaram essa parte da proteína HA e desenharam uma vacina que força o corpo a produzir anticorpos específicos contra ela. "Se o corpo humano puder produzir uma resposta imune contra o caule da molécula HA, fica difícil para o vírus escapar", disse Wilson.
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