quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Polícia deflagra operação que investiga desvios em obras de escola de C. Procópio e mais 11 de cidades no PR

O Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce) apreendeu na terça-feira (22), bens avaliados em R$ 9 milhões do dono de uma construtora com sede em Curitiba. As apreensões ocorreram no cumprimento de mandados da segunda etapa da Operação "Quadro Negro" nos estados do Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Bahia.

A ação, que contou com mais de 20 policiais investiga supostos desvios de recursos públicos por meio de contratos com empresas para obras em escolas estaduais. A suspeita é de que a Construtora Valor Serviços Ambientais tenha recebido mais de R$ 19 milhões para a construção de escolas que não foram efetivadas.

Conforme as investigações, o esquema funcionava a partir da fraude de relatórios produzidos por engenheiros subordinados ao chefe de fiscalização e obras da Secretaria de Educação. Até o momento, conforme a Polícia Civil, estão sendo analisados dez contratos firmados entre a empresa Valor e a Secretaria de Estado da Educação, entre os anos de 2011 e 2014.

A equipe de reportagem não conseguiu contato com os representantes da Valor Construtora e Serviços Ambientais. As apreensões de nove carros de luxo e dois imóveis foram feitas por garantia de que parte do dinheiro seja recuperado, no caso a construtora ser condenada.

As obras investigadas são nas cidades de Santa Terezinha do Itaipu, Cornélio Procópio, Rio Negro, Campina Grande do Sul, Curitiba, Coronel Vivida, Joaquim Távora e Ponta Grossa.

Ainda de acordo com as investigações, em muitos casos os fiscais assinavam relatórios de andamento das obras sem nunca terem ido aos locais onde elas ocorriam.

Com isso, a Valor Construtora recebia pelos serviços, ainda que nunca os tivesse prestado. Segundo a polícia, a situação mais complexa é em Campina Grande do Sul, onde duas obras previstas estavam com apenas 1% realizado, enquanto constava 99% de conclusão nos documentos anotados.

Existe ainda a suspeita de que o ex-diretor Maurício Fanini recebia 2% de cada fatura paga irregularmente à empresa. A fraude, conforme a polícia, também alterava o organograma para que os pagamentos fossem realizados.

Em julho deste ano, na primeira fase da operação, cinco pessoas suspeitas de integrar o esquema foram presas. Entre os detidos estavam Fanini e a sócia-proprietária da Valor, Vanessa Domingues de Oliveira. Nesta fase, também foram apreendidos R$ 5 mil em dinheiro, computadores, celulares, pen-drives.

Um dia após as prisões, a empresa se ofereceu para terminar as obras, sem receber novos pagamentos do governo, numa tentativa de acordo, que não foi aceito.

Cinco dias depois, três suspeitos tiveram o prazo da prisão temporária expirado e deixaram a carceragem, em Piraquara. São eles: Vanessa Domingues de Oliveira, sócia proprietária da Construtora Valor, Viviane Lopes de Souza, engenheira da Valor e Tatiane Souza, ex-sócia da construtora.

Eduardo Lopes de Souza, procurador da Valor, teve a preventiva prorrogada por mais cinco dias, mas também deixou a prisão logo depois do prazo. Maurício Fanini, ex-diretor de engenharia, projetos e orçamentos da Secretaria de Educação, também já foi solto.

A defesa de Fanini, representada por Gustavo Scandelari, disse que "não há provas a respeito da participação do ex-diretor nos crimes investigados".

O advogado de Eduardo Lopes de Souza, Claudio Dalledone, disse que está "analisando documentos".

Em agosto deste ano, o Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) decidiu suspender contratos entre o governo do Paraná e a Valor Construtora. (Redação G1 PR / Fotos: Reprodução RPC)

Nenhum comentário:

Postar um comentário