A prisão de um ex-participante do programa Big Brother Brasil, no início desta semana, chamou a atenção para abusos cometidos contra menores de idade. O crime veio à tona às vésperas do 18 de maio – Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
Apesar de ter recebido grande destaque, o caso é muito mais comum. Em 2015 foram registradas 3.020 ocorrências de violência sexual e física contra crianças e adolescentes, em todo o Estado – sendo 444 em Curitiba. Os dados são da Coordenadoria de Análise e Planejamento Estratégico (Cape) da Secretaria da Segurança Pública e Administração Penitenciária.
Somente no Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítima de Crime – o Nucria – de Curitiba, são recebidas em média de cinco a dez denúncias por dia. "Os policiais, juntamente com uma equipe de psicólogos da unidade especializada, desempenham um trabalho criterioso e técnico em cima das notícias crime que recebemos", diz a delegada-titular do Nucria, Daniela Andrade.
As apurações ocorrem, geralmente, de maneira velada, pela natureza do crime investigado. "Uma atuação precoce da polícia pode ser tão prejudicial quanto o crime que está se investigando, podendo causar um estigma eterno na criança, por isso temos muito cuidado em cada passo das ações", complementa a delegada.
As campanhas de informação e orientação, disseminadas de forma mais intensa nesta última década, têm sido de grande auxílio no trabalho da polícia. "O abuso sexual de crianças e adolescentes é um crime que se pode pensar que ocorre só 'com os outros', nunca na nossa família, nunca com o amiguinho do nosso filho ou na casa vizinha a nossa, mas é preciso que os pais estejam atentos ao problema", alerta Daniela.
Nos atendimentos do dia a dia, o Nucria percebe, em alguns casos, conivência da mãe com a prática do abuso infantil. "Quando a mãe assume uma postura submissa e ignora a situação que ocorre dentro da própria casa, os abusos podem se acentuar e persistir por anos", destaca a delegada. Mês passado, equipes do Nucria prenderam um indivíduo que abusou sexualmente da filha, no período dos quatro aos oito anos dela. "Laudo do Hospital Pequeno Príncipe apontou abuso sexual crônico da garota, que tentou contar para a mãe o que estava acontecendo, mas ela não acreditou no relato da filha. Pior, relatou ao marido, que agrediu fisicamente a criança", lembra a delegada.
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