quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Insatisfeitos com as tarifas, motoristas do Uber em Londrina param de rodar

ReproduçãoEm operação em Londrina desde a sexta-feira retrasada (19), o aplicativo Uber começa a ter as primeiras baixas entre seus parceiros: mais de 20 motoristas assinaram um documento pedindo revisão das tarifas básicas do serviço de carona compartilhada e vários deles já pararam de rodar ou diminuíram as horas de disponibilidade. O abaixo-assinado foi entregue a representantes da empresa na última sexta (26) e até esta terça (30) os parceiros - como são chamados, pelo Uber, os motoristas - insatisfeitos ainda não haviam recebido uma resposta oficial. A reportagem do Portal Bonde conversou, com exclusividade, com quatro deles. Como todos pediram anonimato, foram utilizados nomes fictícios.

Eles são unânimes ao apontar as principais falhas do app em Londrina: baixa remuneração, objetivos (que geram bônus financeiro) inatingíveis ou obscuros, e falta de resposta para as reclamações. Sobre este último ponto, dois dos nossos entrevistados disseram ter recebido respostas genéricas, geradas automaticamente, para questionamentos enviados por email.

A maior queixa é mesmo o baixo retorno por corrida. Desde o início da operação do Uber na cidade, os trajetos são calculados a partir das seguintes tarifas: R$ 2,50 de partida (espécie de bandeirada), R$ 1,00 por quilômetro rodado e R$ 0,20 por minuto de permanência do passageiro. O valor mínimo por corrida é R$ 5,00. Invariavelmente, o Uber fica com 25% do total.

Eles apontam como problema central para o cálculo o fato de as corridas, em Londrina, serem constantemente curtas. Para todos os ouvidos pelo Portal Bonde, muitas vezes o trajeto feito com o passageiro a bordo não compensa o deslocamento para atendê-lo. 

"Outro dia fui até a [avenida] Ayrton Senna, perto do Igapó, para buscar um cliente. Ele só queria subir até a Madre Leônia. Recebi a tarifa mínima, R$ 5,00, que com o desconto do Uber vira R$ 3,75. Pra chegar até ele, rodei quase 10 quilômetros, praticamente um litro de gasolina. Não compensou. Em Londrina, os trajetos são quase sempre curtos. Até hoje, só venho fazendo corridas que dão, limpo, entre R$ 3,75 e R$ 12,00. Não fiz nenhuma acima disso", afirma João*. 

Ele era motorista profissional e está desempregado desde fevereiro. Atualmente, faz bicos em empresa da cidade e também roda, em média, sete horas por dia com o Uber. "Na semana passada, para você ter uma ideia, fiz menos de R$ 130,00 por dia. No sábado (27), menos de R$ 160,00. Valores brutos. Não compensa. Eu aprendi na vida que a coisa mais importante que existe é o tempo. Isso daí não paga nem a gasolina, pneu e manutenção. Sobra muito pouco pelo meu trabalho", diz. Apesar disso, ele segue disponível no aplicativo por estar desempregado.

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