quinta-feira, 6 de outubro de 2016

MP-PR registra 184 casos de racismo ou injúria racial

Curitiba – O Ministério Público (MP) do Paraná registrou, de janeiro a 29 de setembro deste ano, cinco casos de racismo e 179 de injúria racial. Os dados dizem respeito apenas aos inquéritos policiais que foram instaurados no Estado, a partir da comunicação ao órgão. Já em 2015, foram 400 crimes desta natureza [29 e 371, respectivamente].

De acordo com a promotora Mariana Seifert Bazzo, coordenadora do Núcleo de Promoção de Igualdade Étnico-Racial do MP, os números são subnotificados. "Os crimes não são devidamente investigados, os responsáveis não são punidos e isso se torna uma lacuna enorme até para se fazer as estatísticas. Não conseguimos vislumbrar um panorama de como são as violações e quais as políticas públicas que devem corresponder", contou.

Como forma de combater ao menos parte do problema, a secretária especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luislinda Valois, do governo federal, se reuniu nesta semana com o governador Beto Richa (PSDB), no Palácio Iguaçu, em Curitiba. O objetivo foi tratar da implantação de uma delegacia especializada em atender ocorrências de racismo, intolerância e xenofobia. A ideia é acolher, além dos negros, o público LGBT (de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais), idosos, pessoas em situação de rua e com deficiência.

"Ele [governador] nos garantiu que realmente vai ser instalada, quando não uma delegacia, pelo menos uma coordenação e a posteriori a delegacia. Já ficou tudo 100%, eu diria", relatou a desembargadora. De acordo com ela, a data ainda não foi definida porque depende das agendas do presidente Michel Temer (PMDB-SP) e do Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes. O crime de racismo, lembrou, é inafiançável e indiscutível.

"O povo negro do Paraná vai se sentir mais acolhido com esse espaço, para reclamar quando for discriminado. Infelizmente é uma constante se fazer isso com o povo preto. Aliás, sempre se diz que no Paraná não há negros. Mas há, e agora, com os refugiados do Haiti, aumentou. Hoje mesmo soube que a população negra é em média 28% [da do Estado, de pouco mais de 11 milhões]. É um número considerável, que merece um olhar muito bem voltado e trabalhado."

Valois contou que existem estruturas do tipo em São Paulo, no Distrito Federal e em Minas Gerais. A daqui, contudo, seria a primeira de sua gestão. "Estou tentando criar em todos os Estados brasileiros (…) Também temos a certeza definitiva com o governador de Sergipe e com o do Maranhão. Não queremos trabalhar por partido, e sim para as pessoas", completo

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