O ex-secretário de Tecnologia da Informação de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, Melquizedeque da Silva Souza, admitiu em interrogatório nesta segunda-feira (14) à Justiça Federal que houve direcionamento na contratação da empresa que ficou responsável pelo serviço de georreferenciamento para a atualização do cadastro de imóveis na cidade.
Melquizedeque foi preso no dia 19 de abril, na primeira fase da Operação Pecúlio, da Polícia Federal, que investiga um suposto esquema de corrupção na Prefeitura de Foz do Iguaçu. Ele deixou a prisão no fim de outubro, depois de assinar um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF).
Ele é considerado pelos investigadores o homem de confiança do prefeito afastado Reni Pereira (PSB) e apontado como o principal operador do esquema criminoso que desviava dinheiro público da administração local por meio de fraudes em contratos para obras de pavimentação e serviços de saúde. Melquizedeque é descrito ainda como um subprefeito.
Por meio da delação, é possível identificar como se deu a escalada do ex-secretário até chegar ao alto escalão e operar as fraudes, entre elas a que envolve o georreferenciamento.
Em 2012, quando Reni disputava o cargo de prefeito, o analista de sistema Melquizedeque de Souza mantinha negócios no Paraguai. Na delação, contou que um empresário brasileiro, que atua nos dois lados da fronteira, falou sobre a candidatura e que seria interessante financiar parte da campanha para depois pleitear algo, no sentido de se beneficiar de alguma maneira. Em princípio, cada um contribuiu com R$ 50 mil para a campanha.
Quando venceu as eleições, Reni Pereira pediu mais R$ 50 mil, que foram entregues a ele, apontou o ex-secretário. Esta foi a oportunidade de pedir para participar da transição de governo. O intuito era ficar próximo ao poder. Como tinha amigos na Secretaria de Tecnologia da Informação, afirma que conseguiu todos os dados das secretarias, o que o permitiu fazer relatórios e assim ser mais bem aceito no grupo político de transição.
E, foi neste período que começaram as primeiras tratativas para direcionar a licitação do georreferenciamento, para o recadastramento e atualização do cálculo de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) dos imóveis do município. Logo que Reni assumiu a prefeitura, Melquizedeque foi nomeado secretário de TI.
Ainda sobre o georreferenciamento, ele afirma que ficou acordado que a GVY Tecnologia ganharia a licitação e subcontrataria outras duas empresas para a realização do serviço. Em uma delas, admitiu que figurava uma terceira pessoa como proprietária das cotas dele. O valor do contrato foi de pouco mais de R$ 1,5 milhão. Porém, nenhum serviço foi realizado.
Contratos
Melquizedeque também falou sobre um esquema para a implantação de mais 120 câmeras de videomonitoramento na cidade em 2015 e que houve manobras para o direcionamento do certame para a empresa que venceu a licitação. Como a investigação deste caso ainda corre em segredo, o MPF não liberou todos os trechos da delação.
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