terça-feira, 8 de novembro de 2016

Justiça espanhola decide processar Neymar por corrupção

Lucas Figueiredo / CBFA Justiça da Espanha decidiu processar Neymar por corrupção, reabrindo o caso que havia sido arquivado. Nesta segunda-feira, o juiz José de la Mata também optou por processar o presidente do Barcelona, Josep Maria Bartomeu, além do pai do jogador e até mesmo ex-dirigentes, como Sandro Rosell. O centro da polêmica é ainda o contrato entre o jogador e o clube.

O caso havia sido iniciado pela empresa DIS, que geria parte dos direitos sobre Neymar quando o brasileiro ainda atuava pelo Santos. O Tribunal na Espanha já havia aceitado o processo, que ainda aponta para a manipulação de contratos. Pela lei, uma eventual condenação máxima poderia resultar em uma prisão de oito anos pelos crimes, ou uma multa milionária.

A queixa tem, como origem, a divisão do pagamento que o Barcelona deveria realizar na compra do jogador. Para a DIS, ela deveria receber 40% do dinheiro que o clube catalão ou qualquer outro gastaria no jogador. Mas a empresa insiste que apenas recebeu 17,1 milhões de euros do Barcelona.

As investigações na Espanha acabaram revelando que o valor real pago por Neymar chegou a 83 milhões de euros, o que acabou sendo confirmado pelo Barcelona e levado à queda de sua diretoria. Mas 40 milhões de euros teriam ido para Neymar por meio de "contratos simulados".

Para a DIS, uma negociação transparente com outros clubes teria gerado mais dinheiro para a empresa que, ao não saber de outros contratos de Neymar com o Barcelona, considera que foi lesada financeiramente.

NOVELA - O caso, porém, havia sido inicialmente arquivado pela Justiça. Mas, no dia 24 de setembro, uma outra corte ordenou a retomada do processo. Ao aceitar o caso, De La Mata justificou que os contratos de 2011 "alteraram o livre mercado de transferências de jogadores" e que a "livre concorrência" foi afetada por um delito.

Em sua decisão, obtida pela reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, o juiz ainda aponta que um contrato eventual com outra equipe poderia ter sido ainda maior, posição também adotada pela DIS. Por isso, o processo se refere ao crime de corrupção.

O juiz também opta por apontar para a responsabilidade da empresa que gere os direitos de Neymar, a N&N. Parte dos contratos simulados havia sido justamente fechados entre o Barcelona e a empresa, usando uma série de argumentos - como direito de imagem. Mas, para o magistrado, a empresa controlada pelo pai do jogador não mantinha "mecanismos ou modelo de organização e controle para prevenir crimes dessa natureza".

Na avaliação do juiz, os cartolas do Barcelona, inclusive seu ex-presidente Sandro Rosell, estavam "conscientes" da irregularidade e são responsáveis por eles. Assim, a compra do jogador teria sido realizada sem informar suas devidas condições nem ao Santos e nem à DIS. Segundo ele, esses são "os indícios principais do crime de corrupção entre particulares".

Bartomeu ainda tomou a iniciativa que "infringia as regras da Fifa e contribuindo para manter o Santos e o DIS na ignorância absoluta dessas operações". "É razoável pensar que os dirigentes intervieram na contratação", estima o magistrado. Em sua avaliação, eles são "responsáveis pela decisão e conscientes de sua finalidade ilícita".

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