quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Advogado criou método para fraudar licitações de ônibus no PR, diz delator

O advogado Sacha Reck disse à Justiça, por meio de colaboração premiada, que o também advogado Guilherme Gonçalves, seu ex-sócio, elaborou um método para fraudar licitações de transporte público em vários municípios do Paraná. Gonçalves nega (veja o posicionamento completo no fim do texto).
O crime era por meio de editais direcionáveis para qualquer empresa previamente escolhida por agentes públicos, de acordo com Reck. A colaboração premiada de Reck foi firmada em 2016, em acordo com o Ministério Público (MP-PR).
As fraudes são investigados na Operação Riquixá, que teve a segunda fase deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) nesta terça-feira (21), com o cumprimento de 16 mandados de busca e apreensão e 10 de condução coercitiva, em Guarapuava, Campo Largo e Curitiba.
Entre os alvos desta fase estão os empresários Donato e Dante Gulin, que controlam grandes empresas de transporte público do Paraná, Guilherme Gonçalves e ex-servidores públicos. O Gaeco fez buscas nas casas dos investigados, em escritórios e em empresas.

A operação desta terça-feira está ligada à investigação da primeira fase, de junho de 2016, quando seis pessoas foram presas, suspeitas de fraudar licitações de ônibus em três cidades.
Segundo as investigações, escritórios de advocacia, empresas de engenharia, empresários e agentes públicos participavam do suposto esquema, em várias cidades do Paraná.
No pedido do Ministério Público, os promotores dizem que a evolução da investigação veio a confirmar que outro grupo que comporia a organização criminosa é ligado às empresas que objetivavam vencer as licitações. Os grupos econômicos Gulin e Constantino seriam os principais beneficiários da organização criminosa, ainda conforme a Promotoria.
O promotor que cuida do caso disse que a suspeita é dos crimes de organização criminosa, fraude a licitação, desvio de verbas públicas e corrupção.
"O crime de organização criminosa é um dos principais aqui. Nas nossas narrativas, nós vemos os crimes de direcionamento a licitação, de fraude, desvio de verbas públicas relacionadas a alguns fatos, e estamos investigamento também suspeitas de corrupção de agentes públicos", afirma o coordenador do Gaeco em Guarapuava, Vitor Hugo Nicastro.
Outro lado
A defesa de Donato Gulin afirmou que não comentará a investigação, que foi embasada em delação de ex-advogado que quebra sigilo profissional.
A defesa de Dante Gulin repudia qualquer acusação de ilegalidade nos procedimentos licitatóris de que participou. A reportagem não localizou os advogados do Grupo Gulin.
O advogado Guilherme Gonçalves repudia todas as acusações e afirma que o conteúdo da relação é fruto de uma vingança pessoal do ex-sócio dele.
A empresa Pérola do Oeste informa que está prestando todos os esclarecimentos, quando solicitados pela Justiça, para o bom andamento do processo.
O Grupo Comporte, que controla o Grupo Constantino, informou que não participou da licitação que está sendo investigada.

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