Na casa dos pais, o momento também é outro. O pai perdeu o emprego de motorista e só a mãe trabalha, com uma pequena banca de açaí em Mauá.
A linha do tempo de Jennifer é um retrato da economia brasileira. Em 2015 e 2016 as classes D e E engordaram em mais de 4 milhões de famílias. Só daqui a seis anos, em 2023, a classe média terá recuperado o patamar de participação que alcançou em 2014, quando 28% dos lares brasileiros tinham renda mensal de R$ 2.302 a R$ 5.552.
As projeções, realizadas pela Tendências Consultoria Integrada, fazem parte de estudo que analisa a evolução de famílias e renda entre as classes no Brasil até 2026, a partir de dados do IBGE. Para Adriano Pitoli, um dos economistas responsáveis, o quadro se deve ao fim do crescimento econômico puxado por consumo e pelo setor de serviços. "Este avanço, que empregava principalmente mão de obra pouco qualificada, não tem mais espaço. No médio prazo, provavelmente haverá uma dinâmica mais concentradora de renda".
Diferença
A previsão é que a classe A recupere os rendimentos mais rapidamente nestes primeiros anos. Enquanto a renda total da classe C vai crescer a uma média anual de 2,3% até 2026, a velocidade entre os mais ricos será de 4,1%, e de 3% para os rendimentos totais. Entre 2003 e 2014, a renda da classe média crescia cerca de 6% ao ano.
Educação não revertida em produtividade, acesso ao crédito encurtado e fraco ambiente de negócios são listados pelo economista Marcelo Neri como entraves à retomada do antigo crescimento da classe média.
Diretor da FGV Social, o economista foi responsável por cunhar o termo "nova classe média", em 2008. "Nossa situação fiscal não comporta um empurrão na classe C por meios tributários", diz. Para Neri, o governo precisa enfatizar a necessidade das reformas e se firmar como agente regulador, e não como um órgão que repassa recursos públicos para a população. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Agência Estado
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