quinta-feira, 26 de abril de 2012

Câmara foca prefeito e esquece apuração interna

O pedido de abertura da Comissão Processante (CP) no caso Centronic deve ser retirado de pauta hoje, na Câmara, pela terceira vez consecutiva. A estratégia da oposição é adiar a votação para aumentar o desgaste do prefeito Barbosa Neto (PDT) junto à opinião pública causado pela prisão de Marco Cito (ex-secretário e braço direito do prefeito) e de Ludovico Bonato numa tentativa de compra de voto do vereador Amauri Cardoso (PSDB) contra a CP, na terça-feira. Com isso, a oposição espera reverter pelo menos um voto da base governista para chegar aos 13 necessários para abrir o processo de cassação. O pretexto para adiar a CP ainda não foi definido: ou será o pedido de afastamento do prefeito no Judiciário ou a suspeição de algum vereador da base governista. Ao mesmo tempo, a Câmara ainda não tomou nenhuma providência com relação à denúncia de Cardoso de que outros vereadores teriam sido subornados para aderir à base governista.
O corregedor da Câmara, Jairo Tamura (PSB), ainda espera uma denúncia formal para tomar providências. “Em tudo o que a corregedoria faz tem que haver uma denúncia formulada”, declarou o vereador, que é líder da bancada governista. Ele afirmou que ainda deve consultar a Procuradoria da Câmara para saber “se há conteúdo a ser investigado, se há uma denúncia concreta”, tanto na fala de Cardoso, terça-feira, em plenário, quanto nos depoimentos prestados pelo tucano ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que investiga o caso.
Ontem, Cardoso protocolou na Câmara cópia dos depoimentos feitos ao Gaeco. Segundo o tucano, outras situações de suborno foram citadas por seus interlocutores, mas a negociação não foi com eles. “Eles disseram que os meninos trataram com ele [outro vereador]”, declarou o tucano, que continua mantendo os nomes sob sigilo. “O Gaeco deve formalizar novos encaminhamentos”, afirmou. Cardoso avalia que depois que as investigações avançarem haverá trabalho para a Comissão de Ética da Câmara.
Afastamento
A bancada de oposição estuda pedir à Justiça o afastamento de Barbosa Neto. O argumento é que, no exercício do cargo, o prefeito poderia atrapalhar a votação da CP e, posteriormente, as investigações, em caso de abertura do processo de cassação. A CP investigaria o uso de vigias da empresa Centronic pagos com recursos públicos e que cumpriam expediente na Rádio Brasil Sul, de propriedade do prefeito.
O afastamento não é cogitado pelo Ministério Público no caso de tentativa de compra de voto, porque essa decisão poderia empurrar as investigações para o Tribunal de Justiça, por conta do foro privilegiado do pedetista. Há ainda a questão de que os elementos da investigação neste momento não permitiriam a inclusão do prefeito no inquérito policial em andamento.
O vereador Rony Alves (PTB) disse ontem que ele e outros vereadores poderiam assinar um pedido de afastamento de Barbosa Neto. “Temos que analisar o que diz o depoimento. Se ligar o nome do prefeito [à tentativa de compra de voto], vamos pedir o afastamento ao Judiciário”, afirmou.
O procurador da Câmara, Miguel Aranega Garcia, afirmou que se houver o entendimento de que Barbosa estaria tentando intervir na votação a própria Câmara pode pedir o afastamento “para garantir o bom andamento dos trabalhos da Casa”.

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