sexta-feira, 27 de julho de 2012

Jovem morre ao aguardar cerca de trinta minutos pelo atendimento do SAMU em Santo Antônio da Platina


Jovem morre ao aguardar cerca de trinta minutos pelo atendimento do SAMU em Santo Antônio da Platina

A unidade móvel SAMU foi instalada em Santo Antônio da Platina há 49 dias. Os solicitantes enfrentaram muitos problemas em relação ao atendimento, já que quando as pessoas ligaram para o número 192 a ligação caía no pronto socorro municipal. Lá o solicitante recebia três números de telefone para entrar em contato na base em Cornélio Procópio. Agora a ligação já foi normalizada, mas outro problema assusta a população, a demora no atendimento. Nessa segunda-feira foi registrada a primeira morte em decorrência dessa demora. O caso será investigado
A primeira vítima em decorrência da demora do atendimento móvel SAMU foi registrada na tarde dessa segunda-feira, 23. Sebastião Mariano Filho, 29 anos morreu a caminho do pronto socorro municipal de Santo Antônio da Platina. Ele esperou cerca de trinta minutos na Unidade Básica de Saúde – UBS da Vila Ribeiro pelo transporte. O local onde a vítima esperava o socorro fica a aproximadamente 4 km de distância da base, localizada no Centro Social Urbano. Sebastião deu entrada na UBS apresentando um quadro crítico de hipoglicemia, porém como no local não há medicação para esse quadro clínico, precisaria ser transferido com urgência para o PS.
De acordo com informações a enfermeira responsável Maristela Moretti, que atende a UBS chegou a ligar para o telefone de atendimento 192, que é direcionado para a base central em Cornélio Procópio. A unidade que é responsável em avaliar e caso e decidir se é necessário ou não o envio da ambulância registrou a ligação e fez a triagem necessária.
Ela disse ainda que, devido à demora, tentaram contato com a polícia militar, mas segundo o atendente a viatura não tem compartimento especial para transportar pessoas que apresentam problemas de saúde. Já no hospital, a informação que recebeu, quando procurou uma ambulância do município, era de que o veículo estava em outra ocorrência e por isso não poderia deslocar-se até o local.
Maristela Moretti explicou que o paciente já chegou à unidade com um quadro de saúde muito crítico. “Ele chegou e sentou no cantinho, ficou lá quieto junto com a mãe que o orientou a deitar no banco para que ele se sentisse melhor”, explicou a enfermeira.

Ela disse ainda que ele já deitou desacordado, já que apresentava um quadro de saúde que inspirava cuidados. “Ele tinha chagas, quando eu me aproximei ele já estava bem gelado, o que caracteriza o quadro de hipoglicemia. Não sei se poderíamos tê-lo salvado, só sei que fizemos o possível”, afirmou.
Maristela explicou que ligou para todas as unidades que poderiam fazer o transporte, mas nem uma estava disponível no momento. “O Sebastião não queria ficar no hospital, ele havia recebido alta no domingo porque ele pediu para sair. Não era só o medicamento que ele precisava, já que o quadro não se tratava só de hipoglicemia”.
Para finalizar a enfermeira disse que o problema todo ocorreu no setor de triagem, na base central em Cornélio Procópio. “O atendimento de triagem demorou mais de meia hora, a nossa base aqui em Santo Antônio da Platina realiza um ótimo atendimento, mas depende da liberação de Cornélio Procópio”.
O delegado da 38ª Delegacia Regional de Polícia de Santo Antônio da Platina, Fátimo Siqueira, disse em entrevista ao Jornal Paraná que provavelmente instaurará um procedimento para investigar o que realmente aconteceu. “Pelas informações que eu tive através da imprensa, o que aconteceu na UBS Vila Ribeiro caracteriza-se omissão de socorro, vou esperar a comoção passar e investigar o caso” declarou Fátimo.
O diretor de Política de Urgência da Secretaria Estadual de Saúde – SESA, Vinícius Augusto Filipak, explicou que o atendimento pode durar de 15 segundos à meia hora, tudo depende da interpretação do médico. Isso quer dizer que quando uma pessoa liga para a base central, algumas perguntas são feitas para que o médico possa avaliar o quadro clínico do paciente. “Existem casos de febre em que o paciente não necessita de transporte médico, o mesmo acontece com os desmaios. Se a pessoa desmaiou porque estava ansiosa, não há necessidade de deslocarmos uma ambulância, agora se a pessoa desmaiou devido a um infarto, o socorro é imediato”, explicou.
Segundo Filipak, a população costuma tratar a Unidade Médica de Transporte como um táxi de luxo. “Por ser um veículo público as pessoas se acham no direito de acionar o serviço por qualquer motivo”, declarou.

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