quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

PCC avança nas prisões

Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo / Algumas alas dos presídios do Estado são dominadas pelo PCCJá não há como negar. A facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) – surgida na década de 1990 nos presídios paulistas – avança de forma ostensiva nos complexos penais e carceragens de delegacias do Paraná. Em uma forma de desafiar as autoridades, os “faccionados” fazem questão de demarcar território dentro dos presídios: bradam gritos de guerra e assinalam as alas dominadas pelo grupo. A Gazeta do Povo teve acesso a vídeos e fotos feitos por agentes penitenciários que atestam a progressão do “partido do crime” no Paraná. Ontem, enquanto o sindicato se manifestou, cobrando mais segurança no sistema prisional, outra unidade sofreu rebelião.

Quatro vídeos gravados entre dezembro de 2013 e janeiro deste ano, na Penitenciária Estadual de Piraquara-I (PEP-I), mostram o que parece ser um ritual dos presos cooptados pelo PCC. Diariamente, durante o banho de sol, os detentos formam um grande círculo em que um deles puxa o grito de guerra da facção. Ao final, todos gritam: “PCC, paz, justiça, igualdade e união para todos”.

O grupo criminoso também demonstra ostensividade por dentro das grades. As celas que abrigam integrantes do PCC têm na porta a sigla da facção, grafada de forma improvisada pelos detentos. Nas paredes da primeira galeria, algumas armas desenhadas vêm acompanhadas de inscrições provocativas, como “Somos criados para matar”, “mente terrorista” e “contra opreção” (sic).

Segundo o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen), desde dezembro aumentaram as apreensões de “estoques” (armas improvisadas, feitas pelos próprios presos a partir de pedaços de ferro) e serras. Também tem sido maior o volume de celulares e de drogas que familiares tentam repassar aos presos, em marmitas e sacolas. As imagens feitas pelos agentes também mostram escavações em paredes e buracos, o que, segundo o sindicato, evidencia as sucessivas articulações dos presos, na tentativa de fugir.

“A situação é de total instabilidade. Precisamos de mais segurança para trabalhar”, resumiu o vice-presidente do Sindarspen, Antony Johson.

A tensão não é uma exclusividade da PEP-I. Ali do lado, na Penitenciária Central do Estado (PCE), os presos “faccionados” estão confinados no quarto bloco, onde há quatro galerias e 240 detentos. Um agente penitenciário que trabalha na unidade diz que os membros do PCC é quem dão as cartas por ali. Segundo ele, chegavam a se reunir a portas fechadas com a administração do presídio para ter acesso a regalias, como alimentação diferenciada e acesso a produtos de fora da penitenciária.

Rebelião

Ontem, o Paraná assistiu a mais uma rebelião com reféns em um presídio do Estado. Presos da sexta galeria da Penitenciária Central do Estado (PCE) fizeram dois agentes reféns. Em outros três motins ocorridos em menos de 40 dias, os detentos exigiam transferência para outras cidades.

Para um agente da PCE que não quis se identificar, a situação expõe os riscos a que os trabalhadores estão submetidos. Segundo ele, a unidade não dispõe sequer de mecanismos básicos de segurança, como algemas e cadeados. Quando os presos precisam ser levados de um anexo a outro – para o banho de sol, por exemplo – a transferência é supervisionada apenas por dois agentes.

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