sexta-feira, 21 de março de 2014

Agora só como de colher', diz homem que teve faca cravada na cabeça

O trabalhador rural Antônio Carlos Gonçalves, de 39 anos, que teve uma faca cravada na cabeça em janeiro deste ano, em Agudos (SP), contou como aconteceu a tentativa de latrocínio pela qual passou e que, por causa do trauma, mantém distância de facas.

Ele afirmou que no dia 5 de janeiro havia tomado cerveja em um bar antes de ir para casa, onde foi agredido por um homem. A Polícia Civil prendeu dois suspeitos e apreendeu um menor no último dia 17 por envolvimento no crime.

“Levei a facada no sábado à noite e logo depois peguei no sono. Acordei no domingo e fui tomar banho. Quando passei a mão na cabeça, olhei no espelho e vi a faca. Tentei tirar, mas a dor era muito forte. Depois me troquei e chamei os vizinhos para me ajudarem. Minha cama e o chão do quarto estavam cobertos de sangue”, disse Antônio, que só se lembrou do ocorrido alguns dias depois de receber alta do Hospital de Base de Bauru, local onde passou por cirurgia para retirar a faca.

Durante a entrevista (veja o vídeo ao lado), Antônio Carlos, que é conhecido na cidade por “Xuxa”, assistiu pela primeira vez ao vídeo feito pela polícia quando ainda estava consciente e com o objeto cravado na cabeça. Ele acredita em ajuda divina para ter sobrevivido. “Tenho muita lembrança ruim e é muito triste ver o vídeo. Não acreditava e achava que estava morto quando me olhei no espelho, com uma faca na cabeça e andando e falando normalmente. Só Deus mesmo. Foi um milagre."

No dia do crime, “Xuxa” informou que foi perseguido depois de sair de um bar. “Estava no bar e depois fui para casa. Eles me seguiram e bateram na porta de casa. Dois entraram e um ficou do lado de fora. Pediram dinheiro para comprar droga. Como disse que não tinha dinheiro, eles revistaram tudo e disseram que iam me matar. Além da facada na cabeça fui agredido nas costas, no pescoço e no ombro", lembra.

O trabalhador rural também afirmou que os suspeitos moravam no mesmo bairro, mas nunca teve amizade com eles. “Conheço eles de vista na vila onde moro, mas não tenho amizade. E não mexo com drogas, só gostava de beber cerveja."

Passados mais de três meses do dia da tentativa de latrocínio, “Xuxa” tem uma vida quase normal. A parte da cabeça onde a lâmina entrou ainda está afundada. Ele deverá passar por uma cirurgia de enxerto em junho, no Hospital de Base de Bauru.

Apesar de não ter tido sequelas graves, como perda de movimento, ele tem lapsos de memória e fortes dores na cabeça. “No começo era pior. Agora, às vezes, sinto essas falhas na memória. Tenho muitas dores e, por isso, tomo remédio para dor, além de antidepressivo e calmante."

Após a agressão, "Xuxa" tomou algumas preocupações para superar o trauma pelo qual passou: deixou de morar sozinho e manteve distância de facas. “Pus minha casa para alugar e fui morar com a minha mãe. Mas mesmo assim não chego nem perto de uma faca. Só almoço e janto com colher."

Ele deve retornar ao trabalho na fazenda de produção de laranja no próximo dia 28. “Não vejo a hora de trabalhar novamente. Quero melhorar meus estudos para ter uma vida nova. E longe de facas", diz.  (Redação G1 / Fotos: Alan Schneider)

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