quinta-feira, 26 de junho de 2014

Bandeirantes perde parte da uva nos parreirais

O município de Bandeirantes (32 Km de Cornélio Procópio), considerado um dos maiores produtores de uva do Paraná, está perdendo parte da safra atual nos parreirais. O fenômeno, que ainda não havia sido observado no município, se agravou nos últimos dias, bem no fim da colheita de meio do ano. Um dos motivos para a perda de parte da atual safra é a falta de preços para o produto no mercado consumidor.

Um exemplo é o que acontece na lavoura do produtor Boanerges Vilar Rodrigues, que tem um hectare de uva na propriedade. Ele percorre o parreiral e olha de maneira desolada para as centenas de cachos de uva que chegam a pesar mais de dois quilos cada um, mas que serão descartados. Em um canto, no chão, já está está uma quantia da fruta que foi jogada fora.

O produtor Luiz Cláudio Cavalheiro de Souza, que tem seis hectares de uva na propriedade, diz que perdeu cerca de 7% da produção nos parreirais. Ele diz que o mercado sofreu uma retraída após a Semana Santa e que o excesso de chuva afetou na qualidade da fruta. Souza diz que não teve problemas com doenças.

O presidente do Conselho Municipal de Agricultura, Wanderlei Aparecido Silva, que é produtor de uva há mais de 20 anos, diz que a colheita, neste momento, não compensa financeiramente. Hoje, segundo ele, o custo de produção de um quilo de uva varia entre R$ 1,40 a R$ 2,00, dependendo da propriedade, mas o produtor só consegue comercializar o quilo por R$ 1,00 ou R$ 1,10, no máximo.

Silva diz que não há nenhum motivo aparente para a queda repentina na comercialização da uva. Ela acredita, porém, em uma contingência do mercado. Para o produtor, a redução do consumo está associada à realização da Copa do Mundo no Brasil porque a maioria dos consumidores prefere gastar o dinheiro com outros produtos, como carnes e bebidas, por exemplo.

Ele afirma que o próprio conselho recomenda, neste caso, que o agricultor destrua a produção "o mais rápido possível". Silva, que também é responsável por boa parte da comercialização da uva local, não sabe precisar quanto o município perdeu na atual safra "por se tratar de um problema recente".

O produtor Boanerges Rodrigues mostra que alguns grãos dos cachos não se desenvolveram de maneira uniforme, ficando bem menores. Para ele, essa "anomalia" se deve à uma doença que não teria sido identificada pela assistência técnica. Como o resultado da safra não foi satisfatório, ele pretende reduzir a área das parreiras e investir um pouco mais em hortaliças "para recuperar o prejuízo".

O engenheiro agrônomo Antônio Calixto, do Instituto Emater em Bandeirantes, descarta a existência de qualquer doença nos parreiras do município. Para ele, o que pode ter havido na propriedade de Boanerges é algum problema relacionado a manejo, como poda incorreta, a falta de proteção nos cachos ou de aplicação de defensivos na hora necessária.

Calixto informa que o município tem 220 hectares para a produção de uvas finas e que as condições climáticas favorecem a produção de duas safras, uma na metade e outra no fim do ano. Ele garante que se trata de um problema localizado, apenas em algumas propriedades que fizeram a poda um pouco mais tarde, e não se caracteriza um problema generalizado porque a maioria já havia comercializado o produto.

Ele concorda com o presidente do Conselho Municipal de Agricultura de que a redução do consumo momentânea de uva se deve à opção dos consumidores por outros produtos nesta época, mas acredita que a entrada da uva nordestina nos principais centros consumidores do País tenha contribuído para a sobra da uva em algumas propriedades do Norte Pioneiro. (Reportagem de Eli Araújo para a FOLHA DE LONDRINA)

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