quinta-feira, 26 de junho de 2014

Feira dos pequenos produtores muda a rotina de moradores em Assaí

Uma pequena feira de artesãos e produtores rurais no centro de Assaí (35 Km de Cornélio Procópio), está mudando os hábitos dos moradores locais e contribuindo para melhorar a qualidade de vida dos próprios feirantes.

A feira, que surgiu com a intenção de valorizar a produção local e fixar o homem ao campo, é realizada toda quarta-feira, das 7 às 19 horas, na avenida principal da cidade, em frente à igreja matriz.

Uma das barracas reúne cerca de 10 pessoas, com produtos e origens diferentes, mas que se consideram da mesma família. O casal Jacinto e Helena Iwata se orgulha em trazer para a feira as frutas e legumes que a família produz na propriedade distante 20 quilômetros da cidade. Um exemplo é a uva rubi, que foi classificada recentemente em primeiro lugar em uma exposição agrícola nas categorias cor, sabor e tamanho.

Para o produtor, mais do que vender suas frutas e legumes, a feira representa uma oportunidade de deixar a vida no campo pelo menos um dia na semana para conviver com outras pessoas e mudar a rotina que considera "estressante".

A dona Helena, por sua vez, garante que as mercadorias da feira estão sempre mais em conta do que nos supermercados, pois fazem uma pesquisa para acompanhar os preços.

A doceira Daniela Rezende mora no centro de Assaí e compartilha o mesmo espaço com a família Iwata. Além das vendas nos dias de feira, ela contabiliza aumento nos pedidos de doces desde que começou a trabalhar na feira há seis meses. "A feira mudou completamente a minha vida; aqui somos uma grande família e um ajuda o outro", justifica.

A feira reúne também algumas pessoas que produzem artesanatos. Entre elas está a artesã Aparecida Zotelli, que mostra seus panos de prato e bordados, entre outros produtos, expostos em um pequeno espaço. Ela diz que, além der fazer o que gosta, a feira representa uma nova oportunidade para comercializar o que produz.

A professora Vera Tsuda aproveita as caminhadas matinais para passar pela feira no caminho de volta para casa. Ela destaca a diversidade e a qualidade dos produtos. "Tudo é fresquinho e bem melhor que os produtos dos supermercados", compara.

A comerciante Dirce Miquelini Vieira mora em um bairro um pouco afastado do centro e sempre que precisa busca mercadorias na feira. Ela agora está empenhada em levar a experiência para mais perto de sua residência. "São vários bairros próximos com um bom fluxo de pessoas e ficaria mais fácil para as donas de casa que não têm como vir ao centro da cidade", argumenta.

A feira está servindo de vitrine para a Coordenadoria Municipal de Defesa do Consumidor (Procon), implantada recentemente, mas que ainda é pouco conhecida da população. O responsável pelo órgão, Antenor Henrique Monteiro Neto, fica de plantão no local para esclarecer as dúvidas dos consumidores e atender eventuais queixas. A principal reclamação, segundo ele, é com a prestação do serviço de telefone celular porque apenas uma operadora trabalha na cidade.

A feira foi batizada com o nome "Teia da Cidadania" por ter objetivos bem mais nobres que a simples comercialização de mercadorias.

Para a secretaria de Cultura e Turismo do município, Aparecida Maria Silva de Lima, a feira vem agregar valor aos produtos dos artesãos e pequenos agricultores, com incentivo à agroindústria familiar, criar condições para a permanência do produtor na zona rural e oferecer uma alternativa de renda o que, segundo ela, pode ser traduzido em qualidade de vida.

A secretaria lembra que o município não quer repetir as experiências de êxodo que reduziram de forma significativa a população do município, que é hoje de 16 mil habitantes. O primeiro êxodo aconteceu após a geada negra de 1975 e o segundo com a migração de milhares de trabalhadores para o Japão nas décadas de 1980 e 1990.

A feira reúne um grupo de 27 pessoas. Todo pessoal passou por um período de capacitação ministrado por técnicos do Sindicato Rural do município.

A ideia da feira foi tão bem assimilada que a população pediu que seu horário de funcionamento fosse ampliado. Ela começou a ser realizada há seis meses, das 15 às 19 horas e agora funciona das 7 às 19 horas. (Reportagem de Eli Araújo para a FOLHA DE LONDRINA)

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