O menino de 7 anos juntou todos os carrinhos, jogou álcool, pôs fogo, e o que
era para ser uma brincadeira acabou em tragédia. Foram quatro meses de
internação, com muita dor e sequelas que o acompanharão por toda a vida. A
menina estava fazendo 15 anos. Familiares e amigos estavam reunidos para um
churrasco, quando o pai foi acender a churrasqueira usando álcool. O fogo
atingiu a aniversariante, que não resistiu e morreu. Dignos de ficção, esses são
apenas dois casos reais atendidos pelo Centro de Tratamento de Queimados (CTQ)
do Hospital Universitário (HU) de Londrina. No ano passado, foram 269
internações, 94 delas (ou 35%) relacionadas ao uso de álcool doméstico, que
resultaram em 20 mortes. Somente neste ano, três pessoas já morreram no CTQ em
consequência do acendimento de churrasqueiras com o produto.
Globalmente, o uso de álcool é a maior causa de queimaduras domésticas no Brasil. São cerca de 150 mil acidentes por ano. Por ocasião do Dia Nacional de Prevenção de Queimaduras, comemorado hoje, a equipe multidisciplinar do CTQ está promovendo atividades de orientação e, sobretudo, combate ao uso do álcool em residências. “Ter álcool líquido em casa é cultural no Brasil, por isso somos campeões de queimaduras. A dona de casa costuma achar que o álcool é bactericida, mas nessa gradação vendida nos mercados (92,8%) não é. Água e sabão matam bem mais bactérias. A churrasqueira pode ser acendida com óleo. O álcool é substituível. Tê-lo em casa é um risco que não vale a pena”, alertou a chefe de enfermagem do CTQ, Elza Anami, durante ação realizada ontem no calçadão.
Quando não terminam em morte, as queimaduras geram consequências que afetarão o paciente pelo resto da vida. A média de internação no CTQ é de 18 dias, mas, em casos mais graves, o queimado chega a ficar quatro meses no hospital. Passada a primeira fase, em que são necessários muitos remédios para aliviar a dor, a pessoa ainda precisa se submeter a cirurgias de reparação e a um longo período de fisioterapia. “Fora os problemas psiquiátricos. Tem gente que não consegue voltar a trabalhar”, contou Elza.
De acordo com a psicóloga do CTQ, Ana Lílian Parrelli, a experiência de quem passa por uma queimadura é “de quase morte e muita dor”, o que faz o paciente perder as referências. “Num primeiro momento, o lado estético nem está em questão, porque a primeira luta é pela vida. E o tratamento de queimado é muito dolorido: são cirurgias, enxertos, o próprio curativo tem que tirar a pele morta e dói muito. A pessoa passa o tempo todo anestesiada e ainda dói.”
Fora o processo de dor, outro problema do queimado é a ausência da pele, que tem a função biológica de proteger o organismo da entrada de bactérias. “Além de doloroso é arriscadíssimo. Ninguém tem noção do que passa um queimado”, acrescentou Ana Lílian.
O fisioterapeuta Renato Vitorasso, do CTQ, explicou que uma vítima de queimaduras perde 20% de massa magra, ou seja, músculos. Para reparar esse problema e evitar retrações (um exemplo são situações em que o queixo vai encostando no pescoço, por conta de cicatrização inadequada), é necessário que o paciente passe por um longo período de fisioterapia. A recomendação é de duas a três vezes por semana. “Mas nem sempre a pessoa consegue, por questões financeiras. Então, ensinamos exercícios para que ela faça todos os dias em casa.”
A fisioterapia também é eficaz quando a queimadura atinge as vias aéreas da vítima. “Quando a ventilação mecânica é necessária, a pessoa precisa de ajuda da fisioterapia para respirar. O tratamento de queimados dói muito, por isso, costumamos o período de anestesia, durante a internação, para fazer a movimentação”, acrescentou a fisioterapeuta Emely Kakitsuka, do CTQ.
Serviço
O telefone do CTQ/HU é 3371-2692. Saiba mais sobre prevenção de queimaduras e noções de primeiros socorros na cartilha de recomendações da Sociedade Brasileira de Queimaduras, disponível em www.sbqueimaduras.com.br
Globalmente, o uso de álcool é a maior causa de queimaduras domésticas no Brasil. São cerca de 150 mil acidentes por ano. Por ocasião do Dia Nacional de Prevenção de Queimaduras, comemorado hoje, a equipe multidisciplinar do CTQ está promovendo atividades de orientação e, sobretudo, combate ao uso do álcool em residências. “Ter álcool líquido em casa é cultural no Brasil, por isso somos campeões de queimaduras. A dona de casa costuma achar que o álcool é bactericida, mas nessa gradação vendida nos mercados (92,8%) não é. Água e sabão matam bem mais bactérias. A churrasqueira pode ser acendida com óleo. O álcool é substituível. Tê-lo em casa é um risco que não vale a pena”, alertou a chefe de enfermagem do CTQ, Elza Anami, durante ação realizada ontem no calçadão.
Quando não terminam em morte, as queimaduras geram consequências que afetarão o paciente pelo resto da vida. A média de internação no CTQ é de 18 dias, mas, em casos mais graves, o queimado chega a ficar quatro meses no hospital. Passada a primeira fase, em que são necessários muitos remédios para aliviar a dor, a pessoa ainda precisa se submeter a cirurgias de reparação e a um longo período de fisioterapia. “Fora os problemas psiquiátricos. Tem gente que não consegue voltar a trabalhar”, contou Elza.
De acordo com a psicóloga do CTQ, Ana Lílian Parrelli, a experiência de quem passa por uma queimadura é “de quase morte e muita dor”, o que faz o paciente perder as referências. “Num primeiro momento, o lado estético nem está em questão, porque a primeira luta é pela vida. E o tratamento de queimado é muito dolorido: são cirurgias, enxertos, o próprio curativo tem que tirar a pele morta e dói muito. A pessoa passa o tempo todo anestesiada e ainda dói.”
Fora o processo de dor, outro problema do queimado é a ausência da pele, que tem a função biológica de proteger o organismo da entrada de bactérias. “Além de doloroso é arriscadíssimo. Ninguém tem noção do que passa um queimado”, acrescentou Ana Lílian.
O fisioterapeuta Renato Vitorasso, do CTQ, explicou que uma vítima de queimaduras perde 20% de massa magra, ou seja, músculos. Para reparar esse problema e evitar retrações (um exemplo são situações em que o queixo vai encostando no pescoço, por conta de cicatrização inadequada), é necessário que o paciente passe por um longo período de fisioterapia. A recomendação é de duas a três vezes por semana. “Mas nem sempre a pessoa consegue, por questões financeiras. Então, ensinamos exercícios para que ela faça todos os dias em casa.”
A fisioterapia também é eficaz quando a queimadura atinge as vias aéreas da vítima. “Quando a ventilação mecânica é necessária, a pessoa precisa de ajuda da fisioterapia para respirar. O tratamento de queimados dói muito, por isso, costumamos o período de anestesia, durante a internação, para fazer a movimentação”, acrescentou a fisioterapeuta Emely Kakitsuka, do CTQ.
Serviço
O telefone do CTQ/HU é 3371-2692. Saiba mais sobre prevenção de queimaduras e noções de primeiros socorros na cartilha de recomendações da Sociedade Brasileira de Queimaduras, disponível em www.sbqueimaduras.com.br
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