Para Mariangela Abrão, coordenadora-geral substituta de Controle da Qualidade da Educação Superior, o desempenho pode ser reflexo da dificuldade das provas, principalmente das específicas. "O aluno brasileiro não está muito acostumado a fazer provas em que a forma de avaliar não seja uma pergunta direta que requeira um raciocínio raso, uma alternativa. As provas do Enade tem sido muito bem pensadas."
A prova é composta de dez questões de formação geral, sendo duas discursivas e oito de múltipla escolha, aplicada aos estudantes de todos os cursos avaliados; e, uma prova específica, com 30 questões, sendo três discursivas. Nas questões gerais, a maior nota foi do curso de administração pública (57,9) e, nas específicas, a do curso de tecnologia em gestão da qualidade (44,9). Os concluintes de cursos concorridos como administração e direito tiveram as médias respectivas 42,6 e 41,8 nas provas específicas e 54,2 e 53,8 nas gerais.
A partir das médias dos desempenhos no Enade, o Inep calcula o chamado conceito Enade, atribuído aos cursos avaliados. O conceito vai de 1 a 5, sendo 1 e 2 considerados insuficientes. Em 2015, quase um terço, 30,3%, de todos os cursos avaliados tiveram conceito insuficiente. Outros 42,7% obtiveram conceito 3, 18,8%, 4 e 5%, 5. Os demais 3,2% não tiveram o conceito calculado devido a mudança de metodologia ou problemas na aplicação do exame.
Ponderações
Mariangela pondera, no entanto, que a nota no Enade não reflete necessariamente a qualidade do aprendizado dos estudantes. "É preciso considerar que uma média é muito relativo, se você tira 2 e eu tiro 8, nós tiramos 5 na média", explica e acrescenta: "Nós temos que tomar o cuidado quando vamos dizer que uma nota expressa um processo formativo, a gente sabe que isto não acontece".
O exame pode refletir apenas o comprometimento ou não do estudante com a prova. O Enade é obrigatório, sem fazer o exame ou justificar a ausência, o estudante convocado não pode obter o diploma. Não é exigida, no entanto, uma nota mínima.
Ao longo dos anos, o exame foi alvo de boicotes, por parte dos próprios alunos e mesmo de fraudes, por parte de instituições de ensino. Segundo Mariangela, o Inep recebeu denúncias de que algumas instituições retêm o "mau aluno" ou fazem progredir o "bom aluno" para que ele conclua o curso no ano de avaliação do Enade. "São mecanismos ilícitos, totalmente reprováveis", diz.
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